sexta-feira, 29 de maio de 2009

Florence And The Machine - A Lot Of Love, A Lot Of Blood EP (2009)

Florence And The Machine

O jogo é o seguinte:
Você finge que não conhece a Florence And The Machine, eu apresento o EP dela e você gosta. Ok?

Tá valendo então!
(Não conhece mesmo ela? Ah, não é possível. Você já deve estar jogando!)


Florence And The Machine é a banda de Florence Welch, londrina cheia de influência soul na voz e com uma pegada bem pop em suas músicas. Ela é acompanhada por sua banda, a The Machine, composta por quatro integrantes (guitarra, bateria, teclados e harpa). Basicamente, o resultado final se assemelha muito a tantas outras coisas que você poderá identificar na primeira audição de seu EP de estreia. Nash, Lenka, Winehouse, Feist, Allen... você pode somar todas elas e encontrar o resultado: Florence and The Machine.

Exageros a parte, FaTM não é só isso. As influências vão mais longes e a precisão no pop é impressionante. Num EP de 4 canções (mais um remix dispensável) não há falhas. Em "Dog days are over", Florence já se apresenta explorando sua voz ao máximo, sobre um arranjo que cria um lugar ideal e harmônico para a melodia, nesse que foi seu segundo single, sucessor de "Kiss With a Fist" (single lançado em junho do ano passado) e que é segunda faixa do EP, com uma pegada pop-punk adorável e letra desbocada. O EP segue com dois covers, "You've Got The Love" (do The Sources) e "Hospital Beds" (do incrível Cold War Kids). E finaliza com um remix não interessante. Mas isso não estraga o clima do compacto, onde até as escolhas dos covers é peça fundamental.

O EP lançado no final de abril prepara o público para o lançamento de "Lungs", álbum de estreia programado para 6 de julho deste ano. O debute contará com os já dois singles publicados em "A Lot Of Love, A Lot Of Blood", mais "Rabbit Heart (Raise It Up)" (single já com clipe na praça) e outras canções, sendo que algumas delas já circulam pela internet em versões alternativas.

Agora, deixando o "jogo" de lado, isso tudo não deve ser nenhuma novidade para você. Se for, que bom, aproveite. Senão, continue seguindo esse rápido fluxo de informações e novidades musicais que internet nos proporciona. E que esse álbum de estreia não demore muito para escapar por entre os dedos de algum produtor ou executivo e caia direto em nossos players. O jogo agora é torcer e esperar!

Florence And The Machine - A Lot Of Love, A Lot Of Blood EP (2009)
Florence And The Machine - A Lot Of Love, A Lot Of Blood EP (2009)
01 - Dog Days Are Over
02 - Kiss With A Fist
03 - You've Got The Love
04 - Hospital Beds
05 - Dog Days Are Over (An Optimo (Espacio) Remix)
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Floating Action - Floating Action (2009)

Floating Action

Não é necessário ir tão longe para fazer a diferença na música pop atual. Nem falo de mudanças radicais, mas de inserir algumas novas propostas resgatando estilos adormecidos ou pouco trabalhados ultimamente. Recentemente, quem fez isso muito bem e se assemelha à banda do post é o Little Joy e o Vampire Weekend, que apostaram em uma pegada com influências de Reggae e uma produção com pé no Dub. Claro, ainda fazendo rock, porém utilizando da tão gasta influência africana de forma competente, não deixando margem para sensações de cópia ou de trabalho mal-acabado.

Você pode me dizer:
- Isso não é novidade alguma! Quantas bandas já abusaram dessa influência?

Sim, diversas. Passando de Clash ao Blur ao Babyshambles, e muitas outras. Então, como é possível ainda aproveitar de tais resquícios desse estilo e soar original (ou ao menos bem interessante)?

O Floating Action parece saber como.


Seth Kauffman é o líder da banda americana Floating Action, que acaba de lançar o seu debute. Kauffman já havia lançado um trabalho solo e, esse novo projeto, acaba por ser bem similar, já que toda gravação foi feita por ele, além da produção. Tudo isso em um estúdio na sua própria casa e, esse detalhe, auxiliou bastante no resultado final do álbum. A produção lo-fi, enriquece muito a atmosfera, trazendo um ar vintage e colaborando com a proposta. Mas, nem de longe, a qualidade sonora do álbum é ruim. Todos instrumentos têm o peso certo e são perceptíveis em diversas camadas. Os vocais são perfeitamente encaixados e confortáveis, assim como os coros femininos. A pegada sessentista e os climas criados são perfeitos. O disco funciona como uma viagem nada psicodélica, porém muito curiosa.

Ouvir o álbum do início ao fim é como ser transportado no tempo ou ser carregado para um dia ensolarado na praia, ainda que os temas não sejam tão alegres assim, não falta diversão e calmaria. A mistura de influências da música Country americana com o Reggae em sua versão mais Dub, formam uma personalidade muito rica para a banda. O Floating Action chegou preparado para fazer a diferença, ainda que não tenha vindo pra mudar a forma de se fazer música.

E é nesse aspecto que a banda ganha muitos pontos: Seth Kauffman se mostra um especialista em trabalhar com influências tão desgastadas de maneira ainda nova. E, por mais que a sonoridade seja "antiga", ouvir a banda americana é como ouvir algo novo. Pois é isso que é. O Floating Action é uma nova banda, cheia de fôlego e coragem para criar e fazer diferença na música atual. Ainda que a diferença não seja tanta e que o apelo das músicas não sejam tão pop, as canções tem um sabor sem fim e te levarão longe. Longe o suficiente para seus headphones não alcançarem sua cabeça, e você ser obrigado a ouvir com o coração.

Floating Action - Floating Action (2009)
Floating Action - Floating Action (2009)
01 - 50 Lashes
02 - Marie Claire
03 - To Connect
04 - Unrobbed
05 - Edge Of The World
06 - So Vapor
07 - Don't Stop Loving Me Now
08 - Cinder Cone
09 - Cinder Cone (Part II)
10 - Dying Punch
11 - Could You Save Me
12 - Say Goodbye
13 - Tide Of Green
14 - Pills To Grind
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Kasabian - West Ryder Pauper Lunatic Asylum (2009)

Kasabian

Há quem clame por mudanças. Não suporta uma banda que lança um ou dois álbuns seguidos com uma mesma pegada, uma mesma identidade. Há quem abomine esse tipo de comportamento em bandas. Por outro lado, também tem aqueles que não querem nada diferente, e choram quando sua banda predileta resolve apostar em coisas novas. Não há bem um lado certo ou um errado, nestes casos. Aliás, são poucos os casos em que há um lado certo e outro errado. Sabendo disso, o Kasabian estreiou com o homônimo disco em 2004 e deixou muita gente interessada. Choveram elogios e a crítica colocava os ingleses como uma das novas promessas da música, junto com o escocêses do Franz Ferdinand, que também estreiavam naquele ano. Não era exagero nenhum, o Kasabian mostrava competência suficiente e se portava como uma verdadeira banda de rock, cheia de personalidade. Dois anos depois, eles lançariam "Empire", seu segundo álbum e, apesar da incrível qualidade e de uma interessante evolução, os críticos e grande parte do público não viram desta maneira. Acharam que a não tão ousada mudança do quarteto só veio para amornar as coisas. Amornando ou não, o Kasabian se arriscou para receber a simpatia daqueles que clamavam por mudanças. Agora, com o lançamento do seu novo álbum "West Ryder Pauper Lunatic Asylum" eles parecem preferir jogar para os dois lados: apresentam uma nova banda que sugere novas coisas e resgata os tempos áureos. Complexo? Não. Mais do que nunca, é Kasabian.


Ser mais Kasabian do que nunca, é apostar nas fortes influências setentistas, pesando mais para um lado Rolling Stones, e inserir elementos eletrônicos dançantes, sempre com muito groove. Sim, ser mais Kasabian do que nunca é lembrar também um pouco de Primal Scream. E, sendo assim, o Kasabian não decepciona. Esse, talvez seja o álbum mais interessante e completo do quarteto inglês, contendo canções que grudam aos ouvidos e também aquelas que se mostram maduras, unindo o que fizeram no primeiro álbum com o que apresentaram no posterior, chegando a uma unidade cheia de variáveis interessantes.

As faixas dançantes lembram muito as primeiras músicas da banda, mas contém mais elementos e são mais ousadas. Agradarão os primeiros fãs da banda, sem dúvida. As canções mais elaboradas são focadas em guitarras, pianos e são preocupadas em ser grandes canções de rock. a banda conseguiu o que queria. Não pensou em ser certa ou errada, não se preocupou em mudar ou continuar a mesma. Fez aquilo que era necessário: um grande álbum do Kasabian (e um dos álbuns do ano).

Kasabian - West Ryder Pauper Lunatic Asylum (2009)
Kasabian - West Ryder Pauper Lunatic Asylum (2009)
01 - Underdog
02 - Where Did All The Love Go?
03 - Swarfiga
04 - Fast Fuse
05 - Take Aim
06 - Thick As Thieves
07 - West Rider Silver Bullet
08 - Vlad The Impaler
09 - Ladies And Gentlemen (Roll The Dice)
10 - Secret Alphabets
11 - Fire
12 - Happiness
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

sábado, 23 de maio de 2009

My Sad Captains - Here And Elsewhere (2009)

My Sad Captains

As bandas não se cansam de explorar a melancolia, um tema tão extenso que parece não ter fim. E talvez não tenha mesmo. Sem choramingar, o My Sad Captains, banda inglesa que tirou o nome de um poema (o qual, dizem os próprios, não ter nenhum motivo de escolha além da sonoridade), fazem um som melancólico numa linha mais distante da forma britânica e mais próximo do formato americano. E, como poesia, as canções discorrem de maneira madura e não forçam uma fórmula pop, pelo contrário, o quinteto londrino chegou a adaptar algumas canções, que faziam parte da primeira demo da banda, que eles consideravam com um apelo pop usual. Não, eles não são anti-pop e nem procuram dificultar a compreensão de uma música. Eles apenas não apelam para clichês ou tendências. O formato soa familiar e, mais do que isso, atemporal. São canções que podem ser belas em qualquer momento ou época, assim como um bom poema.


Veja bem, melancolia não é um choro sem fim, é uma dor mais profunda que parece não acabar. E só o tempo é capaz de cicatrizar certas aflições. Sabendo disso, o My Sad Captains exploram momentos e falam numa linguagem que faz todo sentido para eles, e que pode muito bem se adaptar em algum momento de sua vida. Talvez essa seja a verdadeira magia da música. Por vezes, ela não só fala ao seu coração, como fala por ele também e, quanto mais sincera é uma canção, mais poder ela tem para isso.

Sinceridade é o que não falta em 40 minutos de álbum. As canções se interligam mas não possuem uma mesma fórmula. A identidade é o que se faz presente. Por vezes será possível lembrar de The National, Broken Social Scene e até Wilco, mas não passarão de breves associações, pois as diversas influências da banda se fundiram com a personalidade de cada integrante, esses que compõem as canções juntos, inserindo uma parcela de sentimento e técnica de cada um. Por isso, é possível ver tanta unidade e, ao mesmo tempo, um turbilhão de sentimentos.

Com vozes masculinas e femininas se cruzando, com guitarras em timbres belos e intimistas, teclados e violinos que se encontram, as harmonias são simples e cheias de detalhes. Detalhes que contribuem ainda mais para as melodias tão doces e ótimas para um fim de dia perturbado. Ouvir o álbum de estreia "Here And Elsewhere" será como descansar numa cama com lençóis macios, lendo aquele seu livro favorito, que vai te dar razões para resistir a qualquer dor, vai te dar conforto para qualquer melancolia e te encher de motivos para sorrir.

My Sad Captains - Here And Elsewhere (2009)
My Sad Captains - Here And Elsewhere (2009)
01 - Great Expectations
02 - The Sum Total Of Everything
03 - Good To Go
04 - Hello Bears
05 - Here And Elsewhere
06 - Troika
07 - You Talk All Night
08 - Ghost Song
09 - Bad Decisions
10 - All Hate And No Plans
11 - Building Blocks
12 - A Change Of Scenery
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Bowerbirds - Upper Air (2009)

Bowerbirds

Como um pescador, jogo a rede no mar e dentre aqueles tantos peixes que vem com a onda, pesco os melhores. Seleciono e procuro conhecer os mais interessantes, ou saborosos. Claro, não me custa nada dividir com vocês. Mas, tem vezes, que vem uma onda tão forte com uma quantidade de peixes tão similares uns aos outros, que nem resta tanto a se falar sobre eles. Nem mesmo vale a pena pescá-los, e jogo de volta ao mar. É comum uma pescaria cheia de frutos que não se destacam, uma rede cheia de peixes não-interessantes. Eu pesco pro prazer, não por necessidade. Quando divido, divido pelo mesmo propósito.

Mas fora da analogia, eu nem gosto mesmo de peixe. Nem sou adepto da pescaria... nem entendo nada disso. O que não esperava é que escaparia da "minha rede" um peixe tão grande e bacana. Escapou uma vez, mas não escapa da segunda. Bowerbirds pra vocês.


Bowerbirds é um trio da Carolina do Norte que surgiu naquela onda forte de novos artistas e bandas Folk. Como tantas outras, utiliza de instrumentos acústicos, que vão do violão ao violino, do acordeão ao tamborim. E, apesar disso, ainda conseguiu destaque em seu primeiro álbum ("Hymns for a Dark Horse" de 2007). E não foi a toa. Apostando em belas e simples melodias, e nunca deixando que o arranjo instrumental de uma canção fosse mais importante do que as vozes e aquilo que cantavam (diziam), Beth, Phil e Mark compareceram em grande parte das listas de melhores do ano com seu debute.

É claro que, se você não conseguiu "pescá-los" na primeira leva, pode jogar a rede e tentar de novo. Te ofereço meu aquário pra pescar, se quiser. Porque agora, eles voltaram com um novo álbum: Upper Air.

Em Upper Air, a temática é outra. Se na sua estreia o Bowerbirds apostavam em temas que sugeriam mais a "voz da natureza", agora eles apostam em assuntos mais pessoais, mais humanos (e exalam mais calor). Talvez por influência de Bon Iver (com quem excursionaram), as canções agora falam de relacionamentos entre pessoas e seus conflitos. Mas nada sofrível, apenas profundo. Profundo como as canções do primeiro álbum, e tão interessantes quanto. Nem melhor, nem pior. Diferente.

Diferente na temática, não tão diferente na sonoridade. Não houve a necessidade de uma mudança radical para a banda. Dentro da proposta já utilizada, foi possível explorar ainda mais as canções. E talvez o espaço seja infinito. O que o Bowerbirds apresenta em seu segundo álbum é a elasticidade dentro do Folk. Passeiam no estilo, e passeiam com o nariz empinado. Não é simples utilizar um estilo e, somente dentro dele, planejar diferentes possibilidades para diferentes canções. Eles conseguem. Manipulam a música e fornecem um belo conjunto de canções, por isso poderiam se gabar.

Não se gabam, por isso é possível ver tanta disposição nesse novo álbum. O trio trabalha duro e trabalha bem. Mas não ache estranho caso eles tenham escapado da sua rede também. Numa onda tão forte, como foi a do "new-folk", muitos peixes-grandes escamparam e, talvez, nem os encontremos mais. No caso do Bowerbirds a escapada da rede tem sua explicação: eles são pássaros, não peixes. Pássaros prontos para voar longe, bem longe...

Bowerbirds - Upper Air (2009)
Bowerbirds - Upper Air (2009)
01 - House Of Diamonds
02 - Teeth
03 - Silver Clouds
04 - Beneath Your Tree
05 - Ghost Life
06 - Northern Lights
07 - Chimes
08 - Bright Future
09 - Crooked Lust
10 - This Day
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pullovers - Tudo que eu sempre sonhei (2009)

Pullovers

O Pullovers já foi outra banda. Já foi uma banda focada apenas nos segmento do rock-alternativo 90's e lançou três álbuns. Clássicos, para o movimento underground paulistano. Mas não se podia ver que aquela banda se tornaria uma grande banda para qualquer segmento ou movimento, e que lançaria um grande álbum para a música brasileira. E não é exagero. Mudaram a forma de se fazer rock, não apenas inserindo samba em sua sonoridade, mas abusando da atmosfera paulistana e do belo samba que os paulistanos sempre souberam fazer. Falar sobre São Paulo, com cara de São Paulo e como uma voz da cidade, não é simples. Mas eles conseguiram.


Talvez, a decisão de começar a compor em português tenha auxiliado muito na nova sonoridade do Pullovers. Sonoridade essa que vai desde Belle And Sebastian até Toquinho, o que não é muito distante, visto de certa perspectiva. Mas a perspectiva oferecida pelo sexteto paulistano é mais do que junção de estilos, é a criação de uma nova sonoridade, dentro de tantas possibilidades que já existiam, e não eram aproveitadas. Eles aproveitaram, e com um sotaque bem paulistano, se inserem num catálogo de importantes bandas de rock com a mesma "linguagem" (como Mutantes, por exemplo).

Mas não pensem que ao relacionar a banda e São Paulo, excluo aqueles que não são da maior metrópole brasileira. Eu não sou (apenas do estado) e percebo que as canções ultrapassam esses limites... aliás, vão até o Rio de Janeiro, constantemente. E, fazendo um "indie-rock" competente, falam diretamente ao coração. Luiz Venâncio, compositor e líder, brinca com a geografia, com o clima, com o universo pop e com a própria "esquisitice", exalando paixões, inclusive pela música. Então, espere as mais românticas e nada convencionais canções. Por vezes piegas, mas de pieguice saborosa.

Com letras espertas (por vezes, profundas e desafiadoras), melodias muito bem elaboradas, sonoridade diferenciada e com arranjos exemplares, "Tudo que eu sempre sonhei", primeiro álbum com letras em português do "novo" Pullovers, surpreende em apresentar que ainda nem todas possibilidades de criação foram utilizadas no rock. E, assumindo uma posição única no rock paulistano, eles abrem o coração e despejam as mais belas canções pop. Canções atemporais e universais.

Sim, universais. Porque música é música em todo lugar, seja em São Paulo ou em Glasgow. E não importa onde você estiver, se quiser música pop inteligente e de qualidade, pode se aproveitar do novo (ou do mesmo) Pullovers.

Pullovers - Tudo que eu sempre sonhei (2009)
Pullovers - Tudo que eu sempre sonhei (2009)
01 - Tudo que eu sempre sonhei
02 - O Amor Verdadeiro Não tem Vista para o Mar
03 - 1932 (C.P.)
04 - Marinês
05 - Lição de Casa
06 - Quem me dera houvesse Trem
07 - Marcelo ou Eu Traí o Rock
08 - Futebol de óculos
09 - ( )
10 - O que dará o Salgueiro?
11 - Semana
12 - Todas as Canções são de Amor
13 - Tchau
DownloadMySpace
Separador

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Wilco - Wilco (The Album) (2009)

Wilco

Quando Lennon, mesmo que mal interpretado, disse que o Beatles era mais popular que Cristo, o mundo desabou. Se fosse hoje, John teria dito isso via Twitter, mas o barulho seria muito menor, pois há quem acredite que Wilco é o Beatles da nossa geração. Há quem acredite veementemente que Wilco é maior que Beatles. E há aqueles que acreditam que Wilco é o próprio Deus, sob a figura de Jeff Tweedy ou sei lá o que. Tudo isso seria uma afronta bem maior se não tivesse, realmente, um pouco de fundamento.


Em seu sétimo álbum de estúdio, o Wilco não veio muito disposto a mudar toda sua personalidade, como já fez outras vezes. O Wilco veio afirmar que são eles próprios. Isso não se faz tão necessário para todos os doentes e viciados na banda, mas também não é nada ruim. Pois, em "Wilco (The Album)", o sexteto de Chicago apenas mostra, novamente, sua melhor face. E que bela face.

Agora, o álbum parece querer aumentar ainda mais a gama de conhecedores e admiradores da banda. Até em seu próprio título, ele faz referência a uma apresentação e, mesmo para uma banda com 15 anos de carreira, isso parece fazer sentido. Faz sentido porque conseguiram unir todo potencial do Wilco em belas canções e, discorrendo sobre suas maiores potências, criou músicas tão bonitas quanto coesas, sobrando espaço ainda para fazer canções mais divertidas. Pois então, além de entregar aos fãs um grande álbum, entregou a eles também uma carta de apresentação, para que eles indiquem aos amigos mais leigos. E talvez nem seja o melhor disco deles mas, é provavelmente, o mais apropriado para um primeiro contato com um Wilco que já passou por consideráveis mudanças. Mudanças essas que nem de longe lembram as mudanças que o citado Beatles sofreu, por exemplo.

A proposta dos caras de Liverpool era totalmente diferente. Experimentavam e criavam canções pop, moldando o próprio cenário. Com o Wilco, as mudanças foram sim experimentações, mas dentro da própria proposta já sugerida, tendo uma unidade durante toda uma carreira mas, permitindo aos ouvintes, sempre ouvir coisas novas e diferentes onde, ainda assim, era possível reconhecer a banda. Complexo demais? Não. Diversas outros já conseguiram o mesmo porém, com o Wilco, sempre houve excelência. Sempre houveram grandes álbuns. Raramente tropeçaram, e daí surgiu a comparação com o fab four. Pois ambas as bandas sempre se preocuparam com a qualidade máxima em seus trabalhos, e sempre trabalharam junto ou para o público, ao mesmo tempo. Nunca decepcionando.

Já a comparação com Deus, não sei bem explicar. Tente ouvir e me dizer o porquê. Afinal, com um álbum destes, eu tenho ainda mais certeza de que o Wilco existe. Quanto ao resto...

Wilco - Wilco (The Album) (2009)
Wilco - Wilco (The Album) (2009)
01 - Wilco (The Song)
02 - Deeper Down
03 - One Wing
04 - Bull Black Nova
05 - You and I
06 - You Never Know
07 - Country Disappeared
08 - Solitaire
09 - I'll Fight
10 - Sunny Feeling
11 Everlasting Everything
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Great Bloomers - Speak Of Trouble (2009)

Great Bloomers

Por vezes, o Canadá nem se parece tanto América. Digo no âmbito musical, claro. Há, em diversos músicos canadenses, toda uma forma e uma percepção única para se fazer música, que é de fascínio absoluto. A lista é longa e, na maior parte das vezes, a origem é facilmente reconhecível. Mas há também um calor no resto da América, que por vezes se ausenta nas composições destes mesmos compositores. Por um lado, a frieza auxilia para conceitos mais amplos, mas como seriam as canções canadenses com um pouco do calor "americano"? Seria o Great Bloomers.


O quinteto canadense não aposta exatamente em "folk-rock", aposta em boas melodias. Melodias que já receberam comparações até a Brian Wilson, e não é por menos. A facilidade com que a banda trabalha com altos e baixos em suas músicas, alternando ritmo e andamento, e apostando em belos clímax, é admirável. Todo o arranjo e timbre vocal funcionam em perfeita sincronia. Baseado em belos momentos de piano, as canções fluem com uma beleza única: são de fácil compreensão e são completas.

A atmosfera não é de novidade, as músicas funcionam mais como um resgate de boas influências, porém não há nada vintage por aqui. Há influências muito fortes de Beach Boys, The Band, Tom Petty e, o não tão antigo, Wilco. Mas o Great Bloomers não soa como cópia de nenhum destes, até porque, no caso, cópias soariam baratas para a grandeza de tais artistas. Os canadenses soam como uma boa novidade através do frescor de suas canções, mas a maturidade da banda não a deixa ser apenas mais uma novidade. A banda, com sua originalidade, tem preparo para âmbitos maiores.

Em seu álbum de estreia, Great Bloomers se mostra mais do que capaz e mostra uma visão pop de longo alcance. Torço para que o universo hype não atrapalhe os canadenses de terem mais visibilidade. Torço para que, músicas como essas, sempre cheguem aos meus ouvidos. E aos teus. Pois o Canadá, agora, é mais América. Mais ainda.

Great Bloomers - Speak Of Trouble (2009)
Great Bloomers - Speak Of Trouble (2009)
01 - Lobbyist
02 - The Young Ones Slept
03 - Honey Blanket
04 - Daylight
05 - This Ain't You
06 - Speak Of Trouble
07 - Admit Defeat
08 - Fever Days
09 - Last Of My Faith
10 - Dark Horse
11 - Thorn In My Side
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

sexta-feira, 8 de maio de 2009

PopMata + Move That Jukebox!

Coluna PopMata - Move That Jukebox!
A partir de hoje, algumas vezes por semana, publicarei uma coluna no super-blog Move That Jukebox!

Lá publicarei alguns discos também e, pra começar, temos o The Maccabees, Sonic Youth e Danger Mouse and Sparklehorse. Leiam lá e acompanhem. Sempre que pintar algo, aviso aqui.

Lembrem-se, o PopMata não para neste endereço. Continuamos aqui com as resenhas e downloads, mas também aparecemos no Move That Jukebox!

Para ler:
http://movethatjukebox.com

Abraços!
Separador

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Danger Mouse and Sparklehorse - Dark Night of the Soul (2009)

Danger Mouse and Sparklehorse

Na história da música, é possível ver diversas duplas que se deram muito bem e fizeram obras mais do que relevantes. Não digo só dupla de cantores, ou um duo de pop ou rock, digo de parcerias para a música (em composição, produção e execução). Danger Mouse, o gênio da produção e música pop (também conhecido com a metade mais importante do Gnarls Barkley), e Sparklehorse (nome como é conhecido Mark Linkous), cantor e compositor introspectivo de talento indiscutível, se juntaram para formar um álbum-projeto nomeado "Dark Night of the Soul", que contará, em seu lançamento, com um álbum de fotos produzidas pelo diretor David Lynch. Mas a dupla não conta só com David nesse projeto, em suas músicas, o álbum tem a participação de Wayne Coyne (Flaming Lips), Gruff Rhys (Super Furry Animals), Jason Lytle (Grandaddy), Julian Casablancas (Strokes), Black Francis (Pixies), Iggy Pop, James Mercer (The Shins), Nina Persson (Cardigans) e Vic Chesnutt. Ufa! "Pouca coisa", não!? Exatamente, e o que parecia uma piada de primeiro de abril, quando anunciado, já está na internet e revela-se um trabalho lindo e impressionante.


A unidade criada é admirável. Um trabalho que envolve diversos e diferentes intérpretes, e não perde a identidade, é muito raro. Danger Mouse, diante das composições de Sparklehouse, não vacilou. Os climas criados são sombrios, mas aliviantes. As canções soam adoráveis e melancólicas. O clima é perfeito para a proposta e não erra em momento algum. Não soa como uma coletânea de grandes intérpretes, soa como um grande álbum de interpretação única, mas sob diferentes óticas.

Interpretação e ótica são a mesma coisa? Não nesse caso. Os sentimentos transpostos e as sensações despertadas no recorrer do álbum são similares e tem unidade (ou uma sequência esplêndida). Porém, a forma das canções se adaptam de acordo com cada intérprete e sua ótica, por isso, o álbum não é repetitivo, pelo contrário. O álbum é cheio de momentos diferenciados, mas que possuem uma mesma linguagem.

Não é um álbum pop, apesar de alguns de seus intérpretes, e o próprio Danger Mouse, serem especialistas nesse assunto. O álbum é uma obra completa, para ser ouvida e apreciada por inteiro, não possui hits ou canções radiofônicas. É um som mais "adulto", se é que isso existe. Músicas bem trabalhadas, que utiliza elementos do rock e do eletrônico, mas que, ao final, não pode ser definido nem em um estilo, nem em outro.

As canções vão do pop-psicodélico, no melhor estilo Flaming Lips e Grandaddy, passando por momentos mais rock, chegando até num proto-punk a la Stooges e, tendo também pontos altos, com uma perspectiva mais pop, através de Nina Persson. As duas últimas faixas, no entanto, possuem um peso melancólico admirável, fechando bem a obra atingindo o máximo possível dentro do conceito proposto.

Sendo uma dupla, Danger Mouse e Sparklehorse impressionam a ponto de integrarem o hall das mais interessantes duplas já criadas. Isso porque propuseram um grande trabalho ao lado de grandes intérpretes, e fizeram isso com competência. Como álbum, "Dark Night of the Soul" é completo. Possui uma atmosfera muito bem definida, e trabalha com diversos estilos e óticas diferentes, mas tem unidade e não soa como coletânea. Como um conjunto todo, você deve ouvir um disco como esse para não só aproveitar aquele seu artista favorito que participa, mas sim para entender como se faz um grande álbum, de grandes canções e momentos, utilizando uma formação não muito convencional, mas que pode cair muito bem (e caiu).

Danger Mouse and Sparklehorse - Dark Night of the Soul (2009)
Danger Mouse and Sparklehorse - Dark Night of the Soul (2009)
01 - Revenge (feat. Wayne Coyne)
02 - Just War (feat. Gruff Rhys)
03 - Jaykub (feat. Jason Lytle)
04 - Little Girl (feat. Julian Casablancas)
05 - Angel's Harp (feat. Black Francis)
06 - Pain (feat. Iggy Pop)
07 - Star Eyes (I Can Catch It) (feat. James Mercer)
08 - Everytime I'm With You (feat. Jason Lytle)
09 - Insane Lullaby (feat. James Mercer)
10 - Daddy's Gone (feat. Nina Persson)
11 - The Man Who Played God (feat. Nina Persson)
12 - Grain Augury (feat. Vic Chesnutt)
13 - Dark Night Of The Soul (feat. Vic Chesnutt)
Download link in comments / Link de downloads nos comentários
Separador

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Móveis Coloniais de Acajú - C_mpl_te (2009)

Móveis Coloniais de Acajú

Quando uma banda lança um dos discos brasileiros mais competentes dos últimos anos e é responsável pelos mais interessantes e divertidos shows nacionais, o que mais ela poderia querer?

Evoluir.

Abrindo, como nunca, margem para o público completar e complementar o próprio trabalho, o Móveis Coloniais de Acajú lança "C_mpl_te", muito mais coeso, pop e próximo do público, conseguindo transformar a atmosfera dos shows em um álbum. Talvez nem tanto, já que a diversão dos shows extrapola altos níveis no quesito espetáculo, mas se há uma versão dos shows em forma de canção, ela está neste segundo álbum dos brasilienses mais espertos da atual música brasileira.


Quando digo que abrem margem para o público participar, digo que a compreensão deste álbum chega de maneira muito mais simples para o ouvinte. Isso porque a alegria das músicas ainda existe, as letras irônicas cheias de referências ao universo pop e de eficiência também ainda estão lá, porém a forma que as canções possuem, somado a todo arranjo mais "redondo" e a coesão das melodias, dá um ar mais radiofônico.

Quando falo de letras com referências ao universo pop, digo "popular brasileiro" mesmo. Não letras seguindo uma linha blasé, onde o autor se coloca acima do ouvinte e menospreza um certo público. Não, aqui não. André e seus companheiros falam com todo o público e falam numa linguagem que é compreensível para qualquer classe, e abordam temas e situações tão cotidianas e conhecidas, que as músicas preenchem aquelas vagas que existem em nossos dias para trilhas sonoras perfeitas.

Quando a banda fala com todo o público, ela fala com os interessados. O que isso quer dizer? Isso quer dizer que o MCA não se acovardou para criar um disco popular. Não precisou ser burro, nem repetitivo. O álbum é esperto e extremamente criativo, e não precisou de experimentações exageradas ou de caminhos "anti-pops" para ser relevante. Foi exatamente no calo de bandas que não conseguem se aproximar do grande público de maneira inteligente que os brasilienses pisaram. E essa "pisada" teve grande ajuda de Carlos Eduardo Miranda, famoso produtor, responsável pelo sucesso de bandas como Skank, Raimundos e Mundo Livre S/A. O mérito desse cara foi utilizar 9 integrantes de diferentes influências para transformar num som com unidade. É possível encontrar resquícios de muitas sonoridades em várias canções, do ska ao samba, do rock à disco.

Quando falamos de sucesso, muitas vezes vem à cabeça as FM's. Esqueça isso. Talvez esse não seja o lugar do Móveis. Mas shows lotados, vários discos baixados ou comprados, camisetas, favoritismo entre o público... tudo isso vai acontecer de maneira ainda mais forte. E sem precisar ser vidente, você vai perceber isso também.

Quando as rádios perceberão isso?
Quando uma banda deste porte terá reconhecimento nacional?
Quando eles se tornarão um fenômeno para o grande público, na altura de seus shows?

São tantos "quandos" desnecessários quando já se tem o essencial: a música. E, neste caso, de qualidade absoluta.

Móveis Coloniais de Acajú - C_mpl_te (2009)
Móveis Coloniais de Acajú - C_mpl_te (2009)
01 - Adeus
02 - Lista De Casamento
03 - O Tempo
04 - Cão-Guia
05 - Descomplica
06 - Café Com Leite
07 - Pra Manter Ou Mudar (A Do Piano)
08 - Bem Natural
09 - Falso Retrato (U-hu)
10 - Cheia de Manha
11 - Sem Palavras
12 - Indiferença
DownloadMySpace
Separador

terça-feira, 5 de maio de 2009

Crystal Antlers - Tentacles (2009)

Crystal Antlers

Quantos bons discos você não vai ouvir na vida? Talvez a melhor música para você, nunca chegue aos seus ouvidos. Quantas coisas você não terá o prazer de conhecer e quantas dessas te encantariam? Uma grande porção de álbuns, canções e artistas nunca chegarão até você, pois há uma infinidade que não sobrevive até isso ou que não encontra meios. Porém, há também o caso daqueles que chegam até você mas, por um descuido, passam desapercebidos. Talvez porque você não foi atento o suficiente ou, apenas, não era o dia.

Encontrei o álbum "Tentacles" em meio a tantos outros que tinha selecionado para ouvir mais uma vez. Uma pasta perdida no meu computador que tem uma cara de "segunda chance". Ao ouvir, me senti meio bobo. O Crystal Antlers não merecia estar ali, já deveria ter conquistado seu lugar fora deste conjunto de repescagem. Mas essa sensação, claramente, só existiu porque era a segunda vez que ouvia, porque fui mais atencioso e quis sentir as diversas propostas do sexteto californiano. Isso porque, nem de longe, o som do Crystal Antlers é comum, simples ou fácil. Soa mais como um desafio, como uma afronta. E isso foi o que me interessou desde a primeira audição, provavelmente.

E você? Vai aceitar o desafio ou foge da luta?


De cara, "Tentacles" já soa experimental e psicodélico, e o trabalho da banda não tenta camuflar isso. Talvez ela use a psicodelia como camuflagem para a ausência de melodias bem definidas e de arranjos harmoniosos. Sim, há melodias interessantes e os arranjos são curiosos, mas o barulho, a gritaria Johnny Bell e a intensidade de cada canção, acaba por colocar isso em segundo-plano. Segundo-plano esse que funciona como chave certa para abrir a porta que te fará entender o porque de toda essa bagunça sonora.

Todo o caos criado e repetido durante o álbum, somado às melodias cheias de referências sessentistas e setentistas, é o que você precisa para compreender o álbum, pois com esses elementos é que se forma a unidade entre as canções e cria momentos tão raros. Momentos intensos, sem dúvida. Momentos viscerais com canções que adquirem a imagem de desordem.

Fica claro, na audição ou mesmo nessa resenha, que "Tentacles" é um álbum muito distante do pop, que experimenta elementos em música e que explora áreas em seu próprio cérebro. Portanto, se em sua primeira audição, o disco não funcionar, tente mais vezes. Ou não tente e se prepare para somar este a todos os outros ótimos discos que a vida não trará até seus ouvidos.

Crystal Antlers - Tentacles (2009)
Crystal Antlers - Tentacles (2009)
01 - Painless Sleep
02 - Dust
03 - Time Erased
04 - Andrew
05 - Vapor Trail
06 - Tentacles
07 - Until The Sun Dies (Part 1)
08 - Memorized
09 - Glacier
10 - Foot Of The Mountain
11 - Your Spears
12 - Swollen Sky
13 - Several Tongues
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador