terça-feira, 3 de março de 2009

The Phantom Band - Checkmate Savage (2009)

The Phantom Band

O despertador soa de maneira estranha e ele sabe que ainda não é hora de acordar. Sente que os lençóis ainda estão frios, nem teve tempo de esquentar ou nem teve com o que esquentar. Seu corpo está gélido, não consegue tossir ou bocejar, sente um vazio por dentro. Corre para abrir a janela, o céu está amarelado e o ar pesado, um ar que não entra nos pulmões. E ele talvez nem precise respirar.

Dá um grito mudo e o desespero toma conta de seu quarto. Foge pela porta entreaberta e se enrosca em lençóis, é capaz de ouvir o som do atrito entre eles, lembra de marteladas. Corre ainda mais, involuntariamente, segue o silêncio. Ou seria o inverso? Já esqueceu o que é o silêncio. O que ele entende por silêncio agora, nada mais é do que uma linda melodia que parece vir com a velocidade de seus passos e, aos poucos, ele vai se sentindo mais leve. O vazio não parece incomodar mais. Ele está mais leve do que ar, sente que os seus passos não se prendem ao solo. Poderia rastejar, ou nadar e, simplesmente, voou. Como um animal que nunca poderia voar, se perdeu no céu.

Metade dele tenta voltar ao chão e, a outra metade, gosta tanto do que vê, que decide partir o corpo em dois. Mas isso não funciona e ele, por inteiro, é arremessado de volta para seu quarto. A velocidade da movimentação é estranha, parece que quadros foram cortados da cena, mas não se parece como num filme, e ele tem certeza de que aquilo não é real. Pouco tempo para entender. Seu quarto não é mais como antes e o ar, agora leve como nunca, faz ele descer devagar em direção à água rasa de ondas calmas, que antes era piso frio. Repousa como uma pluma, ou como um das diversas folhas que caem das árvores que surgem, do fundo do mar, ao seu redor.

A água não o assusta. Sobre ela, ele flutua. Sente um calor adorável e uma brisa leve. Ao longe, avista a mais bela ilha e, nela, pode-se ver outras pessoas. Ele tenta se aproximar, segue o canto que ouve. Aos poucos, ele mesmo já está cantando junto (sua voz está de volta). O coro segue, e faz as ondas ficarem maiores. Até que elas o levam para o caminho contrário a ilha. A cada resistência, ele sente que um osso seu se desloca. Mas isso não o desespera, ele se deixa levar e ri, até porque já tinha estado muito pior. Ele sabe que não tem nada que possa evitar, nem os problemas pode distanciar de si, nem as coisas boas pode forçar para mais perto.

Fecha os olhos e sente aquela brisa. Sente que um som repetitivo está cada vez mais perto. Um som que incomoda. Mas ele não vai abrir os olhos, até ter certeza de que é o momento. Aproveita um pouco mais daquilo tudo, aproveita enquanto pode.

De repente, automaticamente seus olhos abrem. Em sua cama novamente, ele olha para o lado e vê uma imagem em seu iluminado iPod. Ela diz "The Phantom Band". E ele, sorrindo, percebe que já pode respirar tranquilamente.

The Phantom Band - Checkmate Savage (2009)
The Phantom Band - Checkmate Savage (2009)
01 - The Howling
02 - Burial Sounds
03 - Folk Song Oblivion
04 - Crocodile
05 - Halfhound
06 - Left Hand Wave
07 - Island
08 - Throwing Bones
09 - The Whole is on my side
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2 comentários:

[ Alison do Vale ] disse...

Cadê o post de hoje???!?! Já não há??! ou o post da "Banda Fantasma" gastou o limite semanal de caracteres do blog???? XD

Anônimo disse...

Nada melhor para explicar uma banda do que reproduzir a sensação que o som da mesma lhe dá!
Muito interessante o post, porém não consegui ainda definir muito bem o que isso significa, só sei que significa!