quinta-feira, 30 de abril de 2009

Passion Pit - Manners (2009)

Passion Pit

Michael Angelakos queria dar um presente especial para sua namorada no dia dos namorados, e deu. Ela se tornou a namorada do vocalista e líder de uma das mais hypadas bandas do momento, o Passion Pit. A história é que Michael gravou um EP para presentear a namorada, e aquele que foi um presente atrasado de dia dos namorados, não incomodou a garota que apresentou para vários amigos, que copiaram para outros. De repente, o Passion Pit se formava e assinava com um selo independente, que lançaria aquele EP com uma música fresquinha. Essa música era "Sleepyhead', e fez a cabeça da galera da MTV, da BBC, da Pitchfork, de vários DJ's, produtores e de uma grande galera.

Que bela história de amor.

Hoje, 30 de abril, vaza um dos álbuns mais esperados do ano: "Manners". E você pode baixá-lo aqui.

Mas você não conhece o Passion Pit? Como você é sem-coração!


O som do Passion Pit pode ser definido como pop, pois não há outra definição que possa abranger tantos elementos aplicados de maneira tão precisa e coesa. A base é de sintetizadores e vocais em falsete (mas com muita potência), e você pode compará-los ao MGMT. Você acertaria em cheio, se o MGMT não fosse tão hippie. A experimentação do Passion Pit é mais focada nas pistas e é feita com esperteza, esperteza que substitui a viagem produzida pela dupla nova-iorquina (que faz essa viagem-pop-hippie-maravilhosa como ninguém).

O álbum é mais uma grande prova de que ainda se pode produzir música pop de qualidade e manter a inteligência. São diversas camadas que compõem as canções mais agitadas e intensas, até as mais lentas e com climas mais intimistas. É um som arriscado? Sem dúvida. Não é de fácil compreensão. Mas a dupla ao qual comparei esse quinteto de Massachusetts, atingiu altos níveis de popularidade, invadindo filmes, seriados, pistas, programas de TV, passarelas e rádios, fazendo um pop que exige mais de uma audição para compreensão completa. Então, por que não Passion Pit?

Te digo porque sim. Porque não se trata de "revival" dos anos 80 ou coisa parecida, é um som novo e atraente que utiliza de tendências, sons e canções que já ingressaram na música nessa e nas décadas passadas (e isso inclui os anos 80 também, ora bolas), e faz isso com orginalidade e competência. Porque é divertido, apaixonante e inteligente, não subestima sua capacidade e te oferece um prato cheio de saborosas canções muito bem elaboradas. Porque vai ter gente que vai compará-los a "deus" e o mundo (já citaram Stevie Wonder), e você tem que ouvir com seus próprios ouvidos, e não ouvir da minha boca ou de outro o que são essas músicas. Pois elas merecem ser apreciadas sem preconceitos, merecem ser analisadas de acordo com seus critérios.

Ou esqueça todo esse papo de análise e vá se divertir. Ou se apaixonar e dar um presente para sua namorado, ou namorada, ou seja lá o quê.

Passion Pit - Manners (2009)
Passion Pit - Manners (2009)
01 - Make Light
02 - Little Secrets
03 - Moth's Wings
04 - The Reeling
05 - Eyes as Candles
06 - Swimming in the Flood
07 - Folds in Your Hands
08 - To Kingdom Come
09 - Sleepyhead
10 - Let Your Love Grow Tall
11 - Seaweed Song
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Druques - Druques (2006)

Druques

Sempre criam a necessidade de uma resposta. O Beach Boys era a possível resposta aos Beatles, diziam que o Radiohead era a resposta inglesa ao Nirvana, e que o Libertines era o equivalente do americano Strokes. Tudo bobagem. É lógico que as influências atravessam os oceanos e despertam novos estímulos em jovens músicos com fome de novos sons, mas isso não quer dizer que uma banda responde a outra, ou que estão em uma batalha. Agora, se você acredita nisso e procura bandas brasileiras que refletem aquilo que está sendo feito fora daqui e que são tendências, pode encontrar "respostas" como Moptop para Strokes, cuja semelhança é inegável. E apesar de eu dizer isso sobre os cariocas, saiba que admiro muito o trabalho deles e vejo diversas outras influências no som deles, além de capacidades e habilidades próprias e únicas da banda (e acredito que sejam a banda brasileira de maior potencial, na atualidade). Mas falar disso, é ser chato e repetitivo demais. Se eu fosse escolher outra cria nacional, digna do movimento que o Strokes liderou e que abriu espaço pra tantas outras bandas, seria a banda Druques, de Bragança Paulista.


Captando bem o espírito que Julian Casablancas inseria em suas canções, o Druques surge como uma continuação daqueles momentos mais sombrios, tensos e arrastados, que os nova-iorquinos criaram. E isso é um elogio, pois fazer isso com a qualidade que o Druques fez, é mérito de poucos. É óbvio que a intenção deles não era essa, mas como algo natural, isso aconteceu. E nós ganhamos com isso.

Aquela melancolia na voz, com um timbre de momentos graves intensos, as músicas exploradas nas guitarras, e letras inteligentes. Apesar de toda semelhança já citada, as canções do quinteto soam originais e espertas, pois isso independe do que já foi feito. É possível sim, ser original re-criando momentos e utilizando resquícios de algo já criado anteriormente. Pois criar, não é exatamente re-inventar a roda (e olha o clichê!).

Não sei como a banda se porta diante dessa comparação, não sei se levam na boa e fazem piada como os cariocas do Moptop. Mas quero deixar claro que escrevo isso como um elogio, e que não falo sobre um possível resposta a um movimento. Falo sobre um integração, sobre uma bela continuação, e falo sobre uma banda que nada deve a diversas outras que ajudaram a erguer um estilo de se fazer rock, e que serve como referência para diversas novas bandas. Felizmente.

Druques - Druques (2006)
Druques - Druques (2006)
01 - Depois
02 - Super Nova
03 - Acendo
04 - Cândidas
05 - Calado
06 - Não vou desanimar
07 - Projeto
08 - Espera
09 - Brincadeira
10 - Prontidão
11 - Meu ar
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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sonic Youth - The Eternal (2009)

Sonic Youth

O Sonic Youth continua fazendo barulho na música, mas digo no universo musical de forma geral, não só em suas canções. Lançando o "The Eternal" pela Matador, eles voltam a um selo independente, depois de anos pela Geffen, do grupo Universal. E aquele que era pra ser lançado somente em junho desse ano, acaba vazando agora (mesmo que seja uma versão webrip, já é muito para quem esperava como louco).

Só que esse "vazamento" está deixando a Web Sheriff louca da vida, correndo atrás de blogs, fóruns e outros, e tirando tudo do ar, tudo com o discurso de "proteção dos direitos". Fico imaginando o que Thurston Moore pensa nesse momento, já que ele é, basicamente, o responsável pela criação do universo alternativo do rock. Ele que já deve ter copiado vários discos em fitas cassete e dado aos amigos. Pois é, Thurston, a internet é quase isso aí, e você sabe melhor do que eu. Então, pode continuar na sua, tranquilo, pois aquilo que está rodando por aí é mais uma grande obra sua, digna de uma das bandas mais importantes bandas de rock de todos os tempos.


Falar de um álbum do Sonic Youth, é algo que eu gostaria de dispensar. Pois os nova-iorquinos sempre transcenderam o conceito "música" e apostaram na arte como ferramenta de trabalho, não se limitando apenas a fazer músicas, mas a criar universos que abraçassem tudo aquilo que eles precisavam dizer. E, consequentemente, se tornaram a banda mais importante pro cenário alternativo do rock e, assim, uma das bandas mais importantes da história da música.

Nenhuma outra banda soube explorar tão bem as guitarras e suas (i)limitações. Só que o que você espera de uma banda com 30 anos de carreira? Quais bandas conseguem ou conseguiram sobreviver todo este tempo e ainda produzir coisas realmente relevantes? Poucas ou quase nenhuma. O Sonic Youth só amadureceu com o tempo, e não amadureceu para acabar com aquelas proezas que realizavam, mas sim para torná-las cada vez mais coesas e inteligentes. Explorar toda aquela juventude que exalava e transformá-la em arranjos mais elaborados e dar, ainda mais, potencial às canções.

Ainda assim, acabo por não falar do álbum. Realmente é complicado. Se em "Rather Ripped" o SY mostrava sua face mais coesa e madura, agora eles resgatam um pouco daquela postura intimidadora e voltam com outro grande álbum. E parece que o passar dos anos só auxilia a banda, não é possível enxergar preguiça ou comodismo nas canções. É a vontade somada à inteligência e experiência que toma, cada vez mais, a frente das composições. Isso quer dizer que sobra energia, guitarras e toda força que o Sonic Youth sempre apresentou, mas também diz muito sobre como você nunca vai se acostumar ao som da banda, e que sempre te sobrará motivos para querer entendê-la mais. E isso, é mérito de poucos.

Sonic Youth - The Eternal (2009)
Sonic Youth - The Eternal (2009)
01 - Sacred Trickster
02 - Anti-Orgasm
03 - Leaky Lifeboat (For Gregory Corso)
04 - Antenna
05 - What We Know
06 - Calming The Snake
07 - Poison Arrow
08 - Malibu Gas Station
09 - Thunderclap (For Bobby Pyn)
10 - No Way
11 - Walkin Blue
12 - Massage The History
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terça-feira, 28 de abril de 2009

Broken Records - Until The Earth Begins To Part (2009)

Broken Records

O completo inverso de quatro garotos, suas guitarras e sua garagem, montando uma banda na adolescência, sonhando em um dia ser rockstar, mas fazendo um som nada pretencioso, é uma banda com 7 integrantes, seus pianos, violoncelos, violinos, bandolins, trompetes, xilofone, num super estúdio e a vontade de fazer o som mais impressionante e inteligente que se pode ouvir. E não é o caso de ser melhor ou pior, mas é que o Broken Records preenche exatamente a segunda vaga, e matam aquela vontade de impressionar como gente grande, realmente.


Os sete rapazes escoceses já deixam claro à primeira audição que são filhotes de Arcade Fire, Polyphonic Spree, Beirut, Decemberists e outros dessa linhagem. Mas apresentam isso muito mais pelo formato e proposta do que pelo som final, pois a grande diferença do Broken Records é uma pegada mais pop que eles possuem e um vocalista com timbre de cantor pop (lembrando Jarrod Gorbel do Honorary Title, em alguns momentos) mas, não se engane, a banda não foi feita para FM's. Ela ainda aposta em estruturas mais complexas e arranjos barrocos, não muito apropriados para as rádios populares. Mas isso é um pouco óbvio demais.

O que não é nada óbvio são as canções do septeto, que apostam em melodias elaboradas e arranjos extraordinários, que extrapolam, sem dúvida, o universo pop e suas limitações. Em alguns momentos, o baixo pesado, os violinos que berram e os gritos viscerais de Jamie, te colocam sob uma atmosfera de tensão incrível. Ao mesmo tempo, violinos harmoniosos, pianos e xilofones, são capazes de inserir a calma dentro de você. E é essa capacidade de trabalhar tão bem as sensações que destaca a banda e a coloca ao lado de outras tão competentes.

A primeira faixa do álbum talvez seja uma das mais pretenciosas primeiras músicas em álbuns de estreia que já se ouviu. E sua pretensão é equivalente a sua beleza. Beleza essa que representa e apresenta muito bem o Broken Records, não deixando dúvidas que, por vezes, a pretensão que resulta num trabalho bem feito é tão digna quanto 4 garotos em sua garagem com seus sonhos.

Broken Records - Until The Earth Begins To Part (2009)
Broken Records - Until The Earth Begins To Part (2009)
01 - Nearly Home
02 - If The News Makes You Sad, Don't Watch it
03 - Until The Earth Beings To Part
04 - A Promise
05 - Thoughts On A Picture (In A Paper, January 2009)
06 - If Eilert Loevborg Wrote A Song, It Would Sound Like This
07 - Wolves
08 - Ghosts
09 - A Good Reason
10 - Slow Parade
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segunda-feira, 27 de abril de 2009

The Enemy - Music For The People (2009)

The Enemy

O The Enemy é aquele trio de moleques ingleses, feios com cara de escrotos, que a NME adora e os próprios ingleses também. Aqueles que lançaram um álbum de rock-dançante há dois anos atrás e que não assustava ninguém: era legal, mas não era, nem de longe, uma grande banda.

Pois é. Talvez eles não sejam mais estes. Com "Music For The People", Tom, Liam e Andy, mostram que têm andado demais com Kasabian e Oasis e apostam num álbum de "A" maiúsculo. Repleto de canções épicas, a banda, simplesmente, não é o mesmo The Enemy (você não a reconheceria). Portanto, esqueça a apresentação e conheça uma possível nova banda no que seria o seu debute. Senhoras e senhores, eis o novo The Enemy.


Cheio de pretensão, o álbum talvez te assuste, caso você espere mais um disco de rock-dançante (me assustou à primeira audição). O que não há é rock-dançante, há um som bem mais "cabeça" do que os próprios propunham até então. A mudança, parece, se fez necessária. Como se salvar daquele âmbito que, até então, era a salvação do rock e, de repente, se tornou maldição? A resposta do Enemy foi exatamente essa: fazer Rock'n'Roll. É possível sentir influências de The Who, Bruce Springsteen, Stone Roses e Clash ("Don't Break The Red Tape", basicamente, é Clash!). E toda essa soma e aposta num novo segmento, fez bem ao The Enemy. E pode fazer bem pra você, a não ser que o rock pretencioso e grandioso te incomode.

Se não te incomoda, o The Enemy tem um prato cheio. Há clichês do rock espalhados por toda parte, mas também há experimentação e momentos impressionantes. Toda coordenação e produção Mike Crossey, que já trabalhou com Razorlight e Arctic Monkeys, funcionaram bem. E, apesar do trio ter passado um pouco dos limites, essa afronta ao público foi uma ótima saída, pois criou-se a oportunidade de crescimento para uma banda que já fincava o pé na estrada do esquecimento.

Agora, pelo contrário, a banda vem disposta a conquistar espaços e públicos maiores, "Music For The People" foi feito para grandes estádios e, consequentemente, para o povo. E há quem vá torcer o nariz, certamente, mas, se falta sinceridade no novo som, não se pode reclamar de disposição. O The Enemy é uma nova banda que ganha uma nova chance, mas continuam sendo os queridinhos da NME, com seus três integrantes feios e com cara de escrotos (agora mais ainda, talvez).

The Enemy - Music For The People (2009)
The Enemy - Music For The People (2009)
01 - Elephant Song
02 - No Time For Tears
03 - 51st State
04 - Sing When You're In Love
05 - Last Goodbye
06 - Nation Of Checkout Girls
07 - Be Somebody
08 - Don't Break The Red Tape
09 - Keep Losing
10 - Silver Spoon / Goodnight Ladies And Gentlemen
11 - A New England
12 - Hey Hey, My My (Into The Black)
13 - Keep Losing (Strings Version)
14 - Away From Here (Live At Union Chapel)
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The Maccabees - Wall Of Arms (2009)

The Maccabees

Definitivamente, o Maccabees amadureceu. E essa palavra pode ser muito perigosa, pois amadurecimento muitas vezes, soa como "tornou-se chato". Em quantos casos isso já aconteceu? Mas não é esse o caso. O quinteto de Londres se deu muito bem sobre essa nova perspectiva e, o que poderia ser um fracasso, se tornou um gancho para que deixem de ser só mais uma banda indie inglesa com influências pós-punk, para ser a banda indie inglesa com influências pós-punk. E mais, original e competente.


A evolução talvez se deva ao produtor com o qual trabalharam, Markus Dravs, que já trabalhou com Arcade Fire, Coldplay e Björk. Visto assim, não é tão inconpreensível essa nova pegada art-pop do Maccabees mas, mesmo assim, talvez seja necessária mais de uma audição ao álbum, para que se compreenda todo o trabalho. E vale a pena. O álbum "Wall of Arms" é muito rico em detalhes e muito bonito, porque mesmo trabalhando em cima de um novo conceito e forma de composição, o Maccabees não perdeu a intensidade e a atmosfera dançante. Ainda é possível ver resquícios daquele som produzido no seu primeiro álbum, mesmo que os assuntos abordados agora sejam outros e que a intenção também tenha mudado.

Em alguns pontos, será possível ouvir influências de Arcade Fire (coros, vocal e disposição) e Broken Social Scene (experimentação e ambientação) e essa nova cara fica bem clara na última canção do disco.

Não resta dúvida de que o Maccabees é uma banda muito melhor do que era há dois anos atrás. Sem parecer pretenciosa, a banda é mais uma das boas surpresas do ano até agora, pois acertou em cheio na opção de "crescer" e experimentar novas coisas. Não parece uma banda aborrecida ou cansada, pelo contrário, a banda despeja mais energia do que antes, só que agora, sabe aplicar muito melhor. E, mesmo sem saber bem se esse é o resultado do trabalho de um nova banda disposta, ou o poder de um produtor aplicado ao máximo, afirmo que esse é um dos discos do ano e que serve de exemplo parar tantas outras bandas que querem crescer e não sabem como.

O The Maccabees passa de apenas mais uma banda, para exemplo de como deve ser uma grande banda, lançando um dos melhores álbuns do ano.

The Maccabees - Wall Of Arms (2009)
The Maccabees - Wall Of Arms (2009)
01 - Love You Better
02 - One Hand Holding
03 - Can You Give It
04 - Young Lions
05 - Wall Of Arms
06 - No Kind Words
07 - Dinosaurs
08 - Kiss And Resolve
09 - William Powers
10 - Seventeen Hands
11 - Bag Of Bones
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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Pet Lions - Soft Right (2009)

Pet Lions

Daqui a pouco, fará dez anos que o Strokes lançava o EP "The Modern Age" e que Alex Turner ganhava sua primeira guitarra, bem antes de imaginar que o Arctic Monkeys seria a banda mais badalada do planeta. Quanta coisa mudou desde então para o "indie-rock"? Mas há algo que não mudou muito. Desde então, quantas bandas são comparadas a "Julian-Nick-Albert-Nicolai-Fab"? Mais do que ser parecido, comparar novas bandas ao Strokes virou tendência. Quanto tempo vai demorar pra isso acabar? Não sei, mas aí está uma nova banda bacana que se parece com os rapazes, chamada Pet Lions.

Não é implicância, a primeira música já é uma mistura de "Red Light" com "12:51" e "Hard to Explain", ou algo assim. O timbre lembra o de Casablancas, mas a banda, definitivamente, não é só uma cópia (muito menos barata). O clima aqui é menos melancólico e mais jovem (se é que é possível). As letras são espertas e os timbres de guitarras são tão bonitos que agradam ao máximo os ouvidos: sem barulhos e tudo muito harmônico e dinâmico. Recheado de riffs e simplicidade, as canções seguem todas as exigências que o mercado do hype vem pedindo, então é bem possível que eles não demorem muito para se tornar mais uma badalada banda.

Daí você pode me dizer que há centenas de outras bandas fazendo o mesmo. E você não vai estar enganado(a). Mas a coerência desses garotos de Chicago e a sinceridade que as músicas carregam, poucas vezes são ouvidos por aí (nesse "ramo", digo). E as músicas deixam muito clara a linha tênue que separa o "indie" do mainstream, e eles passeam livremente por ela.

Para um EP de estreia, o Pet Lions está de parabéns. E, apesar de não impressionar, repete a fórmula da música jovem e acerta, como muitos outros já acertaram. Mas não resta dúvida de que há muito mais que erram do que acertam com tal competência. Até quando essa fórmula será repetida? Talvez pra sempre, mas enquanto houver bandas bacanas e interessantes como o Pet Lions, ainda vai valer a pena.

Pet Lions - Soft Right (2009)
Pet Lions - Soft Right (2009)
01 - Roman History
02 - Propellor Plane
03 - Stuck At The Bottom
04 - I Will Track You Down
05 - Girls Of Athens
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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Bob Dylan - Together Through Life (2009)

Bob Dylan

"No ano passado, Dahan me propôs compor algumas canções para um filme que estava escrevendo e dirigindo sobre uma viagem de auto-descoberta que acontece no sul da América" ... "Após começar com 'Life is Hard', o resto do álbum tomou sua própria direção." - disse Dylan.

"Dahan", no caso, é o diretor francês Olivier Dahan, responsável pelo filme "Piaf - Um hino ao amor" e que lançará, nesse ano, seu novo filme intitulado "My Own Love Song", protagonizado por Renée Zellweger e Forest Whitaker.

"Dylan", no caso, é Bob Dylan. Eu me sentiria um idiota, se fosse obrigado a dizer qualquer coisa a mais sobre ele. Dylan já te deu motivos para não gostar ou não dele, e vem fazendo isso há mais de 40 anos.

O álbum, no caso, é "Together Through Life". E esse pode ser apenas mais um álbum dele, ou o melhor para você. O fato é que ninguém o faria melhor.

Bob Dylan - Together Through Life (2009)
Bob Dylan - Together Through Life (2009)
01 - Beyond Here Lies Nothin
02 - Life Is Hard
03 - My Wife's Home Town
04 - If You Ever Go To Houston
05 - Forgetful Heart
06 - Jolene
07 - This Dream Of You
08 - Shake Shake Mama
09 - I Feel A Change Comin On
10 - It's All Good
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PS: E que capa linda!
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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Cocoon - My Friends All Died In A Plane Crash (2007)

Cocoon

Quando falei do Too Soft, cometi um tremendo erro. Os comparei ao Cocoon e, como se este duo francês fosse a banda mais popular do mundo, não dei mais detalhes. Tentando me retratar perante ao "erro", você já conhece um pouco do Cocoon caso tenha ouvido o Too Soft, afinal este se influenciou muito pelas canções de Mark Daumail e Morgane Imbeaud. Mas, como isso eu já disse, não vale como retratação.

Vamos começar de novo:
Esse é o Cocoon e você vai adorar!


Em 2007, os franceses lançaram seu álbum de estreia, e ele vinha em língua inglesa mesmo, o que parece besteira mas, na França, há uma certa cota para músicas que não são no idioma local. Claro, isso para incentivar os músicos nacionais mas, como uma contradição a tudo isso, o Cocoon conseguiu atingir as rádios e seu público sem dificuldades, isso porque fazem um som universal: músicas simples, com temas simples e vozes, melodias e arranjos lindos... e também simples.

A simplicidade é tão bonita que deixa seu coração e mente mais leves. Os arranjos repletos de instrumentos acústicos como xilofone, violão, ukulele, violino e piano, são milimétricamente elaborados e não tentam preencher todos espaços possíveis do seu cérebro, pelo contrário, o que deixam são espaços vagos, para que você os possa preencher com felicidade, tranquilidade e outros sentimentos bons. E as vozes que se cruzam fazem momentos de harmonia plena, onde você não consegue mais diferenciar a voz masculina da feminina em momentos que exploram o folk em uma ambientação bem silvestre e ensolarada.

Ainda assim, há momentos de melancolia e de nem tantos sorrisos, mas eles não são sinônimos de desânimo. As canções, mesmo quando abordam a tristeza, não economizam em energia. Talvez os pontos altos em melodia estejam nessas canções. Por fim, você encontrará um "Too Soft" mais expansivo, que aborda mais temas e mais texturas. O único detalhe é que o Cocoon é o original.

(Poucos erros são retratados com algo tão bonito.)

Cocoon - My Friends All Died In A Plane Crash (2007)
Cocoon - My Friends All Died In A Plane Crash (2007)
01 - Take Off
02 - Vultures
03 - On My Way
04 - Seesaw
05 - Christmas Song
06 - Tell Me
07 - Owls
08 - Paper Boat
09 - Cliffhanger
10 - Chupee
11 - Hummingbird
12 - Microwave
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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Jason Lytle - Your Truly, The Commuter (2009)

Jason Lytle

Os órfãos de Grandaddy não se cansam de chorar e de clamar por uma possível volta de uma das bandas mais bacanas da virada da década (falar de virada de século ou de milênio é bem mais a cara deles, mas me soa um tanto grandioso demais). Aguardar pela estreia solo de Jason Lytle, líder do Grandaddy, é a esperança de se reencontrar com as mágicas canções que o compositor costumava criar. Agora, a agonia de não saber o que se vai encontrar e o receio de se decepcionar deve corroer os mais fervorosos. E esperar até 19 de maio, será dureza. Ok. Não vamos precisar esperar até lá.


"Your Truly, The Commuter" nada mais é do que o Grandaddy aos 40 anos. Com aquelas canções guitarradas e músicas pesadas não tão presentes, mas repleto de músicas maravilhosas e tocantes, que abrangem temas que envolvem a vida no campo e a tecnologia, assim como a antiga banda de Jason Lytle fazia. E ele "sozinho" segurou muito bem a responsabilidade, talvez porque ele era essência melancólica da banda. E a melancolia que o disco apresenta não é chorosa, é uma melancolia rica que tem uma realidade impressionante.

Os elementos eletrônicos, elétricos e acústicos se cruzam, e você vai ouvir novamente aqueles ruídos e barulhinhos que logo vão remeter a boas lembranças e, mesmo que esse lembrança seja da antiga banda de Jason, não irão te incomodar. Afinal, quantas outras bandas, além do Grandaddy, podem se gabar de terem lançado 4 álbuns excepcionais?

Agora, analisando o álbum como se Jason Lytle nunca tivesse formado ou sido parte de outra grande banda (se é que isso é possível), ele continua sendo um grande trabalho. O disco tem o poder de preencher seu cérebro com sonoridades e melodias maravilhosas, que logo atingem seu coração e você se emociona. Os temas são bonitos e emocionantes, e não são pretenciosos. Aliás, a simplicidade é que faz a forma. Aos poucos, elementos invadem as músicas e elas ganham força que te surpreendem. E a mixagem é ponto altíssimo do álbum, todos os elementos tem presença clara e potente.

Sendo você um órfão da antiga banda de Lytle ou não, você conhecendo o Grandaddy ou não (sacrilégio!), o álbum não se torna menos interessante para você. O álbum é, sem dúvida, uma das surpresas mais interessantes do ano. E é também um prato cheio pra você que, assim como eu, sente a falta de algo como o Grandaddy na música. Aliás, aqui você não tem algo "como o Grandaddy", você tem a sua essencia e sua alma.

Jason Lytle - Your Truly, The Commuter (2009)
Jason Lytle - Your Truly, The Commuter (2009)
01 - Yours Truly, The Commuter
02 - Brand New Sun
03 - Ghost Of My Old Dog
04 - I Am Lost (And The Moment Cannot Last)
05 - Birds Encouraged Him
06 - It's The Weekend
07 - Fürget It
08 - This Song Is The Mute Button
09 - Rollin' Home Alone
10 - You're Too Gone
11 - Flying Thru Canyons
12 - Here For Good
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Maxïmo Park - Quicken the Heart (2009)

Maxïmo Park

O vocalista Paul Smith falou sobre "pop-art", quando descrevia o novo álbum do Maxïmo Park para a BBC 1. E isso quer dizer que eles estão mais sérios e menos dançantes. Mas isso não quer dizer que estão piores. O timbre e o sotaque de Paul Smith continuam sendo os mais interessantes da cena, o baixo ainda continua com aquela adorável presença, os sintetizadores não ficaram de fora, as guitarras e baterias continuam descontroladas e, toda aquela aura misteriosa e sombria, ainda está presente... mais presente, aliás. Aqueles hits dançantes sumiram, e só sobraram as músicas mais obscuras, porém não menos interessantes. Com isso, fica claro que não será um álbum que grudará fácil no seu player, será um álbum para se ouvir com mais atenção, pois ele exige isso. Mas, acima de tudo, fica claro que não é o melhor trabalho do quinteto, apesar de deixar dúvidas se não é o mais condizente com a postura da banda.


Se você, assim como eu, gostava muito dos "não-singles" dos álbuns anteriores do Maxïmo Park, pode ter certeza que não irá se decepcionar com este novo trabalho, pois todo esse disco é composto por músicas com o mesmo potencial daqueles. Não tem mais aquela voracidade que os singles carregavam, nem aquela velocidade e nem aquele potencial pop, mas são músicas inteligentes e enérgicas, com melodias mais bonitas e elaboradas (até onde o pós-punk suporta).

Algumas músicas até chegam a cair no clichê, mas o estilo do Maxïmo Park faz elas parecem tão originais, que é de espantar. Mas disso já sabemos bem. Num período onde toda banda era o "novo-Strokes", os rapazes de Newcastle fizeram parte do seleto grupo que não permitia essa comparação.

O primeiro single "The Kids Are Sick Again" já chegou pra apresentar o Maxïmo Park que nem todos conheciam (todos que não fazem parte do grupo que citei no segundo parágrafo), uma banda mais contida e não tão visceral, que parece medir mais seus passos. Talvez isso pareça exatamente novo. Agora, pra quem já conhecia a banda mais a fundo, pode reconhecer uma certa repetição, que ainda não cansa, por algumas músicas terem recebido uma força mais épica, mas que beira a indiferença. Por isso, tenha calma. Aliás, comece por "Calm", a canção mais completa e competente do disco, e tente entender sobre o que Paul Smith falava ao citar pop-art. E fica ao seu critério dizer se o Maxïmo Park não foi calmo demais.

Maxïmo Park - Quicken the Heart (2009)
Maxïmo Park - Quicken the Heart (2009)
01 - Wraithlike
02 - The Penultimate Clinch
03 - The Kids Are Sick Again
04 - A Cloud of Mystery
05 - Calm
06 - In Another World (You Would’ve Found Yourself By Now)
07 - Let’s Get Clinical
08 - Roller Disco Dreams
09 - Tanned
10 - Questing, Not Coasting
11 - Overland, West of Suez
12 - I Haven’t Seen Her in Ages
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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Poléxia - A Força do Hábito (2009)

Poléxia

O Poléxia parece, cada vez mais, ter a fórmula pop nas mãos. Mas o pop rico, interessante e inteligente, não o pop preguiçoso que pulula constantemente na maior parte das FM's. Preguiça é exatamente o que não há nesse novo álbum do Poléxia. Não houve preguiça para fazer, não há músicas preguiçosas e você também não pode ser preguiçoso para ouvir. Não é todo dia que surge um disco com qualidade para rádios e original para ouvidos apurados, e isso pode te assustar ou te divertir. Voto na segunda opção.


Pra quem esperava desde 2004 por um novo álbum dos curitibanos, "A Força do Hábito" é um prato saboroso e repleto de novidades. Disponibilizado para audição, nessa semana, no MySpace, o lançamento atrasou um pouco (muito!), por idas e vindas de integrantes, e ainda não se tem previsão divulgada para o lançamento físico. O que se sabe é que, em breve, será lançado para download gratuito pela própria banda. Mas, se eles não se irritarem (assim espero), você pode baixá-lo aqui mesmo e agora, por enquanto.

E o que você vai encontrar? Um som essencialmente pop, que abusa de tudo aquilo que o pop permite. Músicas coesas, com melodias que não deixam barato, com letras enigmáticas mas que não beiram a pseudo-poesia muito comum no rock brasileiro. Aqui as palavras não precisam ser complicadas para parecer inteligente, a ferramenta usada é simplicidade em sua forma mais esperta.

Claramente divido em um lado A e um lado B, o álbum tem sua face mais dançante e pegada, e suas baladas, ou nem tanto, mas suas canções que estão mais "canções" do que nunca. Você pode testar os dois e ver qual se encaixa melhor ao seu dia mas, em ambos, há momentos provocadores que te cutucam. E a pergunta parece ser: pra onde o pop vai? E se você não estiver com preguiça, vai encontrar a resposta enroscada nos versos e refrões de "A Força do Hábito".

Poléxia - A Força do Hábito (2009)
Poléxia - A Força do Hábito (2009)
01 - O Capa Dura
02 - Você Já Teve Mais Cabelo
03 - O Radar
04 - Cá Entre Nós
05 - O Tiro, A Fuga
06 - Hedonismo de um Domador
07 - O Inimigo
08 - A Solidão dos Plânctons
09 - Esperando o Céu Ruir
10 - Gloss
11 - O Terraço
12 - A Balada da Contramão
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quinta-feira, 16 de abril de 2009

The Broken West

The Broken West

Para o Broken West, é como se a música fosse apenas os anos 60, 70 e 80 somado ao Wilco e Teenage Fanclub. Isso quer dizer que são sucintos e pop como nunca. Isso também quer dizer que as músicas são deliciosas. E isso é um aviso pra você não deixar de ouvir.


Formado em 2004, em Los Angeles, o The Broken West lançou seu primeiro EP em 2005, ainda sob o nome de The Brokedown, nome esse que perdeu na justiça para uma banda de Chicago. Seu primeiro álbum veio apenas dois anos depois, intitulado "I Can't Go On, I'll Go On", seu debute era uma clara representação do que eram as verdadeiras influências da banda. Canções eficazes e redondas, pendendo ao country e ao folk mas com formato power-pop. Com uma música numa famosa série de TV, ganharam uma certa atenção e visibilidade. Mas esse meio de bandas com canções em trilhas-sonoras para seriados não é nenhum chão muito firme para uma banda. Sendo assim, eles conseguiriam um espaço entre blogs e sites de música, mas nada muito relevante.

Com o lançamento de seu segundo álbum no ano passado (Now or Heaven), o quinteto apresentou uma sonoridade diferente, que parecia ser uma continuidade da última canção do primeiro disco. Menos "básico" em algumas canções, o BW ainda abusou de arranjos elaborados com simplicidade e riqueza, mas não foi tão prático como em sua primeira prova. Isso não foi um ponto negativo, as experimentações são válidas e ricas, e surgiram bons hits que se dariam bem em FM's. Grandes e interessantes canções. O timbre Ross Flournoy também foi apurado e, aquela voz que lembrava Jeff Tweedy no primeiro disco, começou a soar mais como Bono Vox, só que sem a pretensão de ser o maior vocalista do mundo.

E é essa falta de pretensão (ao menos aquela exagerada) que parece guiar o The Broken West. Experimentando aos poucos, indo em passos lentos e trabalhando em canções até que elas pareçam perfeitas, a banda cresce. Com dois discos mais que competentes, ainda fica a dúvida se eles servirão como referência para os anos 00 ou, se algum dia, serão influência para alguém. Provavelmente não mas, não ser totalmente original e nem reinventar a música, nunca soou tão interessante.

The Broken West - I Can't Go On, I'll Go On (2007)
The Broken West - I Can't Go On, I'll Go On (2007)
01 - On The Bubble
02 - So It Goes
03 - Down In The Valley
04 - Shiftee
05 - Brass Ring
06 - Big City
07 - You Can Build An Island
08 - Hale Sunrise
09 - Abigail
10 - Slow
11 - Baby On My Arm
12 - Like A Light
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The Broken West - Now Or Heaven (2008)
The Broken West - Now Or Heaven (2008)
01 - Gwen, Now And Then
02 - Auctioneer
03 - Elm City
04 - Ambuscade
05 - Perfect Games
06 - House Of Lies
07 - The Smartest Man Alive
08 - Got It Bad
09 - Terror For Two
10 - Embassy Row
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