quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Por que o PopMata morreu?

Tudo por aqui anda bem parado. Se você frequentava esse blog, deve ter percebido.

Nada aconteceu comigo. Tô bem, tô vivo, caso isso te preocupasse (sei que não). Só o que não há mais é uma vontade e uma necessidade de escrever sobre música como há boas semanas atrás e, mais do que isso, não há mais vontade de postar como postava.

Cansa, de diversas formas, manter um blog assim. Escrever textos longos, ouvir o mesmo disco várias vezes, abrir mão de ouvir coisas antigas, preparar imagens, fazer uploads e formatar um layout. Sim, cansa. Não como trabalhar "de verdade" (ou não tão de verdade assim, "Sr. Diretor de Criação"). O problema é eu que fazia os dois. Pouco restava tempo para postar, mas encaixava num intervalo e outro, encurtava o horário de almoço, dava um jeito para postar três vezes na semana, ou uma vez por dia, ou até duas. Mas daí, fiquei sem paciência e "exausto" para esta atividade.

Ainda baixo muita música, ainda penso muito sobre o que ouço, ainda sinto a necessidade de indicar álbuns e artistas. Só não há mais o interesse em manter um blog, mesmo tendo leitores (poucos mas bacanas) e comentários em movimento (raros mas ótimos).

Não é fazendo desfeita de tudo de bacana que aconteceu por aqui, que pretendo anunciar essa "morte" do blog. Agradeço a todos os comentários, visitas e downloads. Obrigado por terem elogiado, criticado e divulgado. Foi muito bacana estar em contato com pessoas que se interessavam pelo que eu postava (seja pelo texto ou pela mp3). Destaco coisas bacanas que aconteceram, como reconhecimento de pessoas que eu já admirava anteriormente, seja por uma simples visita do famoso César "M." do inspiradíssimo IndieNation, ou pelo surpreendente convite do amigo prodígio Alex Correa, do aclamado Move That Jukebox, ou ainda por saber que alguns caras bacanas, os famosos "críticos", vieram parar aqui e deixaram uma palavra ou outra. Ver também amigos meus com um certo orgulho e saber que pessoas chegaram a eles e teceram elogios aos meus textos e às minhas dicas, após uma indicação, também me deixou muito feliz. Ver o blog bombando de visitas em momentos de vazamentos esperadíssimos, saber que foi linkado por blogs que você admira e entrar em contato com caras espertíssimos do "ramo", também foram experiências agradáveis.

Seguramente, abro mão disso aqui porque já não me satisfaz como antes mas, ali do lado, na coluna de links, há diversos links de outros blogs bacanas que você pode e deve seguir (se é que já não segue). Aliás, ainda pode me seguir no Twitter (@popmata) onde estou mais vivo do que nunca, falando principalmente de música, postando links para novos álbuns ou vídeos bacanas, mas também falando muita bobagem.

Mais uma vez, obrigado pelas visitas e aproveitem aquilo que sobrou aqui (se é que ainda há algo).

Um abraço a todos.
Separador

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Editors - In This Light and On This Evening (2009)

Editors

A comparação, mesmo que por vezes, seja apenas uma maneira de avaliação, ainda é capaz de chatear a muitos. São raros os casos de bandas que se sentem elogiadas após uma comparação. Aliás, não são só os integrantes das bandas comparadas que são atingidos por tais associações, os apreciadores das mesmas, normalmente, não ficam muito contentes em ver sua banda predileta serem declaradas similares a outras (gostando destas outras ou não). Originalidade é um artigo em falta até no "mercado" de fãs.

Nesse forte revival do pós-punk que dominou os últimos anos, uma banda que sofreu muito foi o Interpol. As comparações com o Joy Division, mesmo que discutíveis, não foram poucas. Sim, há muita influência da banda de Ian Curtis na sonoridade dos nova-iorquinos, não há dúvidas. Mas o Interpol, hoje, pode provar que vai muito além disso. Porém, mesmo agora que provado, as comparações não acabaram. Seria muito mais simples, a Paul Banks e sua turma, assumir a responsabilidade de cria do Joy Division e entender isso como um quase elogio. Mas não, isso nunca foi bem aceito pela banda. Sam Fogarino, baterista do Interpol, já declarou achar essa comparação patética. Patética ou não, o próprio Fogarino também saiu em defesa do Editors que, durante muito tempo, foi chamado de "Interpol Inglês".

"Deixem o Editors em paz" - ele disse. Não deixamos, ainda bem. E hoje é possível ver uma banda em constante evolução apresentando seu terceiro e ótimo trabalho, após dois álbuns exemplares. Dando ainda mais margem para comparações, mas não parecendo estar preocupado com isso, "In This Light and On This Evening" é tão denso quanto admirável, e o Editors, cada vez mais, tão comparável quanto elogiável.


Quando lançado "An End Has a Start", críticos apontavam o Editors como um futuro substituto do U2. Exageros a parte, o que eles enxergavam e o que todos podiam ver, era uma banda com muito mais disposição pop e uma ambição que envolvia, mesmo que implicitamente, estádios em seu futuro. Agora, o que ninguém esperava, pelo menos até Tom Smith declarar que o álbum era baseado nos filmes da série "Exterminador do Futuro", era que o Editors viria muito mais sombrio e inacessível.

Não que a obra seja inacessível, mas a sua disposição para as rádios se assemelha muito mais ao New Order, ao Depeche Mode ou Echo and The Bunnymen do que ao U2 (mesmo que no início da carreira). Ao menos, é agora que o Editors abandona o fardo de "Interpol Inglês" de uma vez, afinal, a nova direção tomada pela banda, não lembra nem de longe a tomada pelos nova-iorquinos. Os sintetizadores, o clima constantemente tenso e até um flerte com o rock industrial, constroem toda atmosfera de "In This Light And On This Evening".

A primeira faixa do álbum, que leva o nome do mesmo, precisa de 4 minutos 20 segundos para te apresentar o que vem por aí, e consegue sintetizar bem (mesmo num infame duplo sentido). "Bricks And Mortar" e "You Don't Know Love" (quarta faixa que traz a primeira "guitarra relevante" do álbum) talvez sejam canções mais preparadas para as rádios, mesmo que tenha sido "Papillon" a escolhida para ser o primeiro single, talvez por sua simplicidade e seu potencial para pistas. A desconstruída "The Big Exit" lembraria bem mais Nine Inch Nails se não trouxesse o momento mais relaxado da voz de Tom Smith, mas a sonoridade remete bem aquilo em que Trent Reznor é mestre. "The Boxer", uma linda canção que talvez faça referência ao maravilhoso, e já elogiado pelo próprio Editors, álbum do The National, abre portas para as últimas três faixas do disco, sendo a última delas, "Walk The Fleet Road", uma canção que seria capaz de colocar um orgulhoso riso no rosto de Ian Curtis.

Acima de qualquer comparação, Editors consegue, em seu novo álbum, se renovar e se destacar num ano de grandes lançamentos (e de algumas decepções também). Correndo como nunca, ele dá uma passo a frente de todas as bandas que temem comparações e se perdem em seus próprios melindres. Não há mais Joy Division, U2 ou Interpol que segure o talento do Tom Smith e sua banda.

Editors - In This Light and On This Evening (2009)
Editors - In This Light and On This Evening (2009)
01 - In This Light And On This Evening
02 - Bricks And Mortar
03 - Papillon
04 - You Don't Know Love
05 - The Big Exit
06 - The Boxer
07 - Like Treasure
08 - Eat Raw Meat = Blood Drool
09 - Walk The Fleet Road
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bad Lieutenant - Never Cry Another Tear (2009)

Bad Lieutenant

Bastam as primeiras palavras de "Sink Or Swim" para você perceber do que se trata o Bad Lieutenant. Sem a voz de Bernand Sumner, essa seria apenas uma banda altamente influenciada por New Order. Agora, com ele, trata-se de uma nova continuação, ainda que um pouco torta, para o trabalho de uma banda que se iniciou como Joy Division, há 30 anos atrás.

Bad Lieutenant é a nova banda do ex-vocalista do New Order e do ex-guitarrista Phil Cunningham, também (este que só ingressou na banda a partir de 2001). Porém, ainda que haja a participação de Stephen Morris no projeto (não declarado ainda como membro oficial), esta continuação não causa o mesmo efeito que a continuação do New Order para o Joy Division causou, por exemplo. Com o anúncio recente feito por Peter Hook sobre fim de uma das bandas mais importantes para o cenário do rock britânico desde a década de oitenta, algumas mágoas ficaram mas não faltou disposição. Fica claro que Bernard não quer ficar afastado da música, já que inicia um novo projeto mesmo estando, incansavelmente, há anos em atividade.

Não podendo contar com todos companheiros da ex-banda, por motivos que vão de suicídio, passam por desentendimentos e chegam às divergências, Bernard não deixa a música pop perdê-lo. Com estes valores invertidos, ele traz um novo álbum para preencher um espaço deixado pelo New Order na música mundial. Mesmo com suas falhas onde, principalmente, a pressa se fez presente, há canções em "Never Cry Another Tear" que não poderiam sair de outro lugar que não de onde vieram. E é essa originalidade que fez a diferença (mais uma vez).


É também com "Sink Or Swim" que nascem as esperanças. Uma saborosa e adorável canção pop abre o álbum como se fosse 93 e estivéssemos diante de um novo "Republic". Um simples riff de guitarra, uma harmonia incrível (que conta com Alex James, baixista do Blur) e a saudosa voz de Sumner. O suficiente para entender porque o New Order fará tanta falta.

Tentanto tapar os buracos que a finada banda deixará, Bad Lieutenant surgiu com um bocado de pressa. Talvez a simplicidade do álbum e da produção se explique nisso. Não que falte boas canções, o que temos em mãos são ótimas músicas, cheias de apelo pop e disposição. O problema é que toda sonoridade se limita a toda aquela atmosfera já tão explorada pelas bandas de Manchester e, em certos momentos, lembra bem os filhotes da ex-banda, o Doves. Lembrar Doves e fazer uma sonoridade bem Manchester são problemas? Não. Definitivamente não.

Mas é pela grande expectativa por álbuns do New Order que o Bad Lieutenant sai prejudicado. "Twist Of Fate", "This Is Home", "Dynamo", "Shine Like The Sun" e "Poisonous Intent", por exemplo, são canções incríveis e que não se encontram facilmente por aí, mas quando se trata de figuras tão marcantes pra história da música pop, ainda é necessário mais. Mesmo assim, "Never Cry Another Tear" se mostra um grande álbum e indispensável para admiradores da ex-banda, pois se trata, mais uma vez, da música pop resolvendo todos os problemas, independente do artista por trás dela, ou de sua história. Simples assim, e não podendo de ser de forma melhor.

Bad Lieutenant - Never Cry Another Tear (2009)
Bad Lieutenant - Never Cry Another Tear (2009)
01 - Sink Or Swim
02 - Twist Of Fate
03 - Summer Days On Holiday
04 - This Is Home
05 - Runaway
06 - Running Out Of Luck
07 - Dynamo
08 - Poisonous Intent
09 - Shine Like The Sun
10 - Head Into Tomorrow
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

The Flaming Lips - Embryonic (2009)

The Flaming Lips

Foi depois de um pouco mais de 10 audições e de quase nenhuma compreensão, que entendi o valor de "Embryonic", novo trabalho do fabuloso Flaming Lips.

Há mais de 20 anos lançando álbuns, o quarteto de Oklahoma só foi receber o justo reconhecimento em 1999, com o divisor d águas "The Soft Bulletin", que veio depois do quádruplo e pretensiosíssimo álbum "Zaireeka" (uma experiência praticamente malsucedida, onde a pessoa deveria executar os quatro álbuns em quatro aparelhos diferentes, ao mesmo tempo), que vinha para afogar as mágoas de um único single relevante para o universo da música popular. Se depois disso, o Flaming Lips conseguiu emplacar outro ótimo e elogiadíssimo álbum, "Yoshimi Battles the Pink Robots", a ressaca ficou para o enxugado "At War with the Mystics", que apesar de ser um dos momentos mais sensatos da banda e carregar ótimas canções pop consigo, não trazia a mesma grandiosidade dos trabalhos anteriores.

É preciso entender toda esta caminhada recente do Flaming Lips, e também adorar a banda (e acreditar que eles são uma das bandas mais relevantes surgida nos últimos anos), para ter "paciência" para seu novo álbum. Coloque algo na sua cabeça antes de ouvir, e vai entender o que eu digo: o Flaming Lips não mais fez e não mais fará um álbum ruim.

Agora prepare-se.


Assim como em "Zaireeka", o disco se trata de grandes experimentações sobre ritmos e texturas, tudo isso, obviamente, apurado com belas e doces melodias. Ok. Nem Sempre. Se a banda vinha de uma sequência de canções pop tão bem definidas, apesar de envoltas a diversas camadas e ruídos, as novas canções não trazem mais toda aquela alegria. O clima agora é mais tenso, os momentos mais incompreensíveis, porém as sensações são naturais e não há um clima de falsidade. Durante as 18 faixas, ainda é possível encontrar momentos deliciosamente harmoniosos e é impossível não reconhecer o TFL.

Apesar da proposta ambiciosa, é nos detalhes mais simples que "Embryonic" pode te conquistar. A quase hipnótica "Convinced Of The Hex", a belíssima (ainda que camuflada) "Evil", a poderosa "See The Leaves" seguida da quase silenciosa "If", são as faixas responsáveis por você chegar até a metade do disco. Não vou negar que é complicado, diante de tanta experimentação, manter-se estável até metade do disco. Mas, se chegou até aqui, vai sentir que valeu a pena.


Após a nona faixa, você se depara imediatamente com a enérgica "The Ego's Last Stand" e, a seguir, com "I Can Be A Frog", a mais doce e fofa do álbum, onde Karen O, do Yeah Yeah Yeahs, encara um sapo, um urso, um índio e até um furacão para uma espécie de declaração apaixonada mais que original. A parceria com o MGMT não deu exatamente bons frutos, "Worm Mountain" parece mais ter gerado uma plantação toda de esquisitices. A auto-tuneada "The Impulse" é resposta do lado B para "If". Segue-se então com "Silver Trembling Hands" e duas faixas de confusão sonora que espanta até o restante do álbum.

Aguentou até aqui? Talvez tenha sido esse o maior desafio imposto pelo Flaming Lips, desde comprar 4 aparelhos de som para ouvir o "Zaireeka".

O que fica é um produto de jam sessions executada por uma das mais significativas bandas que resiste há anos no cenário musical. E a teoria de que o Flaming Lips não fará mais um álbum ruim, mantém-se intocável, ainda que seja de uma maneira bem diferente. E caberia melhor?

The Flaming Lips - Embryonic (2009)
The Flaming Lips - Embryonic (2009)
01 - Convinced Of The Hex
02 - The Sparrow Looks Up At The Machine
03 - Evil
04 - Aquarius Sabotage
05 - See The Leaves
06 - If
07 - Gemini Syringes
08 - Your Bats
09 - Powerless
10 - The Ego's Last Stand
11 - I Can Be A Frog
12 - Sagittarius Silver Announcement
13 - Worm Mountain
14 - Scorpio Sword
15 - The Impulse
16 - Silver Trembling Hands
17 - Virgo Self-Esteem Broadcast
18 - Watching The Planets
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Rain Machine - Rain Machine (2009)

Rain Machine

Na época dos posts curtos, eu falei sobre o álbum do Iran lançado neste ano e responsabilizei Kyp Malone por aquele disco tão precioso. Malone além de um ótimo instrumentista, compositor, letrista e dono de uma voz única, tem liderado a ótima vanguarda da nova música estadunidense com o Tv on The Radio. Não é pouca coisa, mas também não foi o suficiente.

Rain Machine é o seu projeto solo, cujo álbum de estreia será lançado amanhã. E o "amanhã", agora no sentido de futuro, é algo que Malone parece dominar muito bem. Suas canções soam mais do que frescas, por vezes até chegam a simular uma vindoura compreensão, onde sempre parece cedo demais pra compreender totalmente certo formato. Esse conjunto de sensações persiste em sua estreia solo, num álbum com ótimas canções, apesar de detalhes pecaminosos. Ainda que não seja o seu melhor, "Rain Machine", assim como qualquer peça produzida por este nova-iorquino até hoje, não se mostrou algo dispensável.


Os assobios que abrem o álbum até nos dão a impressão que estamos prestes a conhecer um lado menos tenso do compositor. Porém, bastam as primeiras palavras de "Give Blood" para perceber que Kyp Malone não escolheu ir muito distante do que já havia produzido com o TVotR. A canção dá razão para a criação, do próprio compositor, diga-se de passagem, da nada convencional capa do álbum. A partir daí, você está prestes a ouvir as canções mais carinhosas que Malone produziu, ainda que não sejam as mais doces.

A incrível "New Last Name" abre as portas para uma sequência matadora de ótimas faixas, ainda que se tornem um tanto cansativas mais ao fim do álbum. Mas esse "cansaço" é gerado pela grande repetição de fórmulas porém, isoladamente, cada uma delas se mostra fortíssima e, porque não, belíssima. Não se desespere ou se decepcione. A política "Smiling Black Faces" e a quase silenciosa "Driftwood Heart" mostram o caminho até outra faixa que poderia pertencer a um album do TVotR, "Hold You Holly". Então, surge uma série de canções influenciadas por uma onda folk, onde Kyp exibe toda força de sua característica voz. Mas é na nada folkeada "Love Won't Save You" que ele emociona. Espancando sua guitarra, ele vai do sussurro ao grito (e ao quase choro) pra te dizer que o amor não vai te salvar.

Rain Machine mostra a face mais humano do compositor, e deixa um pouco de lado toda agitação e energia que parecia não ter fim naquele guitarrista preciso do TvotR. Ainda que isso seja uma decepção para certas pessoas, parece o mais sensato para este Kyp Malone. Pelo menos, enquanto o futuro não vem, ele continua fazendo a imagem (ou a sonoridade) mais condizente com o que há de vir, ainda que aposte em resgates, seja simples ou que faça simplesmente música, em sua forma mais primitiva e sincera.

Rain Machine - Rain Machine (2009)
Rain Machine - Rain Machine (2009)
01 - Intro
02 - Give Blood
03 - New Last Name
04 - Smiling Black Faces
05 - Driftwood Heart
06 - Hold You Holly
07 - Desperate Bitch
08 - Love Won't Save You
09 - Free Ride
10 - Leave The Lights On
11 - Winter Song
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Islands - Vapours (2009)

Islands

Qual é a desse pop que não é feito para rádios e nem para a massa? Como pode ser pop se há o esforço para se complexo e demora para ser "digerido"? Seja com o The Unicorns ou com o Islands, Nick T. sempre explorou um lado pop que o próprio pop não compreende. E nem é o fator inovação que guia esta sentença da incompreensão, são as distorções das guias que o pop exige que impede que estes trabalhos se encaixem de forma confortável no termo.

Em "Vapours", os canadenses do Islands retornam de maneira incansável para esta experiência de criar dentro desta nada usual concepção de pop, porém desta vez, diferentemente do "comum" "Arm's Away" de 2008, eles resgatam com força total os sintetizadores tão presentes no "Return to the Sea", álbum de estreia da banda, e também resgatam deste álbum J'aime Tambeur, integrante original da banda e do falecido Unicorns, que tinha abandonado o conjunto em seu segundo álbum. De onde nenhum resgate parece ter sido feito foi, realmente, do segundo trabalho da banda. Aquela facilidade das canções, as orquestrações, os climas épicos... tudo isso ficou de fora.

Apostando naquelas que seriam versões distorcidas do que se entende hoje por músicas radiofônicas, o Islands traz um álbum cheio de ótimos momentos mas, também, repleto de opções curiosas e objetivas. O quanto isso pode ser complexo? Meça.


Tomar a alegre "Vapours" e a auto-tuneada "Heartbeat" como exemplo de canções que representam o álbum, é uma farsa. Canções que funcionam bem e sozinhas, porém quase únicas, nada se assemelham ao restante das faixas que utilizam de repetições em baterias eletrônicas para criar os ritmos por onde caminharão as melodias bem-dispostas de Nick T.. Dentro deste cenário, há espaço para "No You Don't" e para a dançante "Devout" se destacarem. Mais elaboradas, a sequência "Disarming The Car Bomb", "Tender Torture" e "Shining" seguram muito bem a onda durante a passagem do lado A para o lado B. Após isso, a arrastada "On Foreigner" vem com uma levada muito parecida com o tema de "Edward Mãos de Tesoura" para de relembrar que esse não se trata de um álbum com canções usuais.

É exatamente por procurar uma diferenciação e por não querer apostas no mesmo, que o Islands tem seu certo prestígio no universo de quem sempre procura por novas sonoridades e por diferentes maneiras de se fazer música. "Vapours" é sobre ser pop e também extremamente esquisito. Como se aquele sujeito estranho do seu trabalho (ou da sua escola), se tornasse o cara mais popular do circuito. Qual é mesmo a desse pop?

Extravagante e certeiro, esse é o seu amigo Nick T.

Islands - Vapours (2009)
Islands - Vapours (2009)
01 - Switched On
02 - No You Don't
03 - Vapours
04 - Devout
05 - Disarming The Car Bomb
06 - Tender Torture
07 - Shining
08 - On Foreigner
09 - Heartbeat
10 - The Drums
11 - EOL
12 - Everything Is Under Control
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Monsters of Folk - Monsters of Folk (2009)

Monsters of Folk

Nome de clássico, capa de clássico, formação de clássico. Só o que não tem de clássico é o conjunto das canções. Isso também não quer dizer que seja um álbum ruim. Longe disso: é um ótimo disco. Se todos os dias fossem lançados não-clássicos assim, a música já estaria longe demais da nossa compreensão.

O supergrupo é formado por Yim Yames (líder do My Morning Jacket) Conor Oberst (o Bright Eyes), Mike Mogis (guitarrista do Bright Eyes) e M. Ward (que recentemente ganhou mais destaque por seu projeto com Zooey Deschanel em She & Him). O objetivo era de tornar oficial aquilo que eles faziam desde 2004 pra se divertir: criar canções folk. Não foi exatamente isso que acabou saindo. Mais do que canções folk, o disco é repleto de belas canções pop influênciadas por toda cultura estadunidense. Mas, além de uma bela homenagem à música americana, o álbum acabou se tornando um grande presente a todos os fãs específicos de cada artista. Todos eles são ativos no projeto e, apesar do, ex-prodígio, Conor e, o gênio, Jim James se destacarem mais, para Mogis e Ward acabou se tornando uma outra boa vitrine para seus trabalhos.

Os vocais alternados, o bom sentimentalismo do Bright Eyes, a força das canções do MMJ, belas guitarras, violões e, porque não, sintetizadores. A influência do folk só não é presença única, porque as canções pediram mais. E, a presença de alguns dos mais importantes ícones para a música alternativa estadunidense da nova década, fez a diferença. Fez música.


A ausência de um conjunto de canções que formaria um clássico, acontece devido a homogenia do álbum. As faixas, por mais parecerem uma coleção de produtos de diversas sessions, pouco se destacam entre si. "Say Please", "Whole Lotta Losin'" e "Losin Yo Head" acabam levando os destaques nas primeiras audições, por apelarem mais para o pop e valorizarem refrões, em suas belas melodias. Porém, dentre as 12 faixas restantes, é possível encontrar detalhes lindos e, também, sua canção favorita do disco. "Dear God (sincerely M.O.F.)", sem dúvida a menos folk do álbum, abre o disco como a mais grooveada. "Man Named Truth", uma balada tensa, chega a lembrar o grande Robert Allen Zimmerman. E a quem mais lembraria? Talvez Fleet Foxes, como acontece em "Map of the World". E o álbum encerra com a belíssima "His Master's Voice", doce e agradabilíssima.

Apesar do nome pretensioso, a ambição não parece ter sido a mesma. "Monsters of Folk", o álbum, não funciona como um clássico mas, Monsters of Folk, a banda, cumpre muito bem o papel e nem se parece apenas como uma reunião de amigos, tamanha é a unidade e o entrosamento dos integrantes. Recheado de ótimas canções, este álbum possui muito mais argumentos para conquistar um espaço na sua coleção de discos do que na história da música pop atual. E não é isso que vale a pena? Para uma reunião de amigos, isto já está mais do que suficiente e, como um álbum de música pop, ele também não fica muito atrás.

Monsters of Folk - Monsters of Folk (2009)
Monsters of Folk - Monsters of Folk (2009)
01 - Dear God (sincerely M.O.F.)
02 - Say Please
03 - Whole Lotta Losin'
04 - Temazcal
05 - The Right Place
06 - Baby Boomer
07 - Man Named Truth
08 - Goodway
09 - Ahead of the Curve
10 - Slow Down Jo
11 - Losin Yo Head
12 - Magic Marker
13 - Map of the World
14 - Sandman, the Brakeman and Me
15 - His Master's Voice
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

The xx - xx (2009)

The xx

O maior problema do hype é a espécie de escudo que ele cria em torno do artista. Um estranho escudo que quase implora para ser atacado, mas que também recebe ainda mais reforço, pois sobra quem queira protegê-lo. O curioso é que, esse mesmo escudo, é o que afasta alguns ouvintes. Eu sou daquele tipo que quero saber porque tanto falam de certo álbum ou de certas músicas, quero entender porque ganham tamanha evidência. E é o hype que nos faz criar expectativas que vão além do necessário.

Por criar tanta expectativa em torno do The xx, acabei por não enxergar o suficiente sobre eles. Ouvi uma, duas vezes, e entendi que era só mais uma banda supervalorizada pela mídia especializada. De repente, ao ouvir uma rádio online, sem pretensão nenhuma, me deparei novamente com o The xx e, sem expectativas, fui cativado por aquela que nada se parecia com a banda protegida por tantas palavras desnecessárias que ouvi anteriormente. Tudo soava tão simples, natural, envolvente e interessante que, praticamente, parecia estar sendo flertado por cada acorde e batida daquela doce canção.

Cedi. Também já me sentia conquistado e apaixonado por aquelas que se tornariam as músicas mais sensuais já ouvidas neste ano. Sendo assim, também resolvi falar e reforçar, ainda mais, esse escudo que já não se sabe bem se atrapalha ou ajuda mais.


Uma simplicidade tão explícita que se torna indecente. Não há o mínimo esforço de inserir elementos ou ainda mais camadas às canções. O minimalismo dos arranjos é o que constrói toda atmosfera do álbum. Certamente, não houve um deslumbramento ao entrar no estúdio de gravação e se deparar com diversas possibilidades: por estar com os pés no chão e a cabeça nas alturas, os ingleses do The xx optaram por valorizar as melodias (ainda que simples) e criar espaço suficiente em cada música, para que caiba toda a série de sensações que você vai ter. E não serão poucas.

A sensualidade carrega as faixas que de tão pops, se tornam incomuns. São vozes doces, batidas e ritmos tão naturais, recheados de baterias eletrônicas, acordes simples de guitarra, baixos bem medidos e muitas repetições, que torna ainda mais prático e envolvente cada segundo dos 38 minutos propostos pelo "xx", álbum de estreia lançado há um mês atrás.

E, por não pertencer a certo momento e nem se encaixar apenas em um estilo, The xx merece toda atenção que recebe, apesar de que cada palavra que é dita acaba se tornando inútil, já que o necessário, neste caso, é sentir. Permita-se sentir e deixe-se ser conquistado. Há tempos que um hype não se mostra tão original e agradável assim.

The xx - xx (2009)
The xx - xx (2009)
01 - Intro
02 - VCR
03 - Crystalised
04 - Islands
05 - Heart Skipped A Beat
06 - Fantasy
07 - Shelter
08 - Basic Space
09 - Infinity
10 - Night Time
11 - Stars
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mika - The Boy Who Knew Too Much (2009)

Mika

Se você não gostou do Mika no sucesso "Life in Cartoon Motion", seu primeiro álbum que vendeu quase 6 milhões de cópias, prepare-se para não gostar dele em "The Boy Who Knew Too Much". A não ser que você tenha mudado um pouco (ou muito), porque o libanês /inglês nada mudou. Não sendo tão duro, é possível dizer que Mika "cresceu" um pouco em seu novo álbum, que não mais aborda tanto temas infantis, e aposta em algo mais adolescente.

As composições, apesar de em certos momentos apresentarem algumas ousadias não tão presentes no debute do artista, continuam apostando em fórmulas pop "evoluídas" somadas à super voz e personalidade de Mika.

Os momentos constrangedores, divertidos e clichês persistem. E isso é o máximo.


Um grande atrativo do álbum é a voz peculiar de Mika, um misto de Freddie Mercury, Prince e Elton John (nem tanto, vai), somado a uma feminilidade ainda maior mas que, por vezes, parece tão máscula, que nos prova o quão esse quesito "gênero" é irrelevante quando se tem um artista de tal envergadura como Mika, que leva sua voz onde quer, e faz de momentos empolgantes ou doces igualmente agradáveis mesmo com todas suas diferenças.

Cabe a compreensão de que este, como o primeiro trabalho do artista, é uma obra estritamente pop. Não cabe a um específico ramo pseudo-alternativo ou descolado. É um álbum recheado de canções para a massa, para famílias, para colégios, para estádios, pra mim e pra você. Não são músicas que selecionam o público, são músicas que abrem margem para qualquer tipo de público selecioná-las como favoritas. E isso é um desafio, já que criar canções tão agradáveis, populares e, ao mesmo tempo, não cair no mais do mesmo sendo que, ainda assim, fazem sucesso, é quase incompreensível para o universo musical atual.

Destaque para momentos empolgantes como "We Are Golden", "Blame It On the Girls", "Good Gone Girl" e "Touches You", e momentos mais fantasiosos e elaborados como "Dr. John", "Blue Eyes", "Toy Boy" e "Lover Boy". Destaque também para os arranjos, que são criativos mesmo quando através de bases eletrônicas, e se superam quando envolve vários elementos. Destaque, acima de tudo, para Mika, um artista completo, altamente desenvolvido e, porque não, disposto, já que é daqueles que nos faz acreditar que o termo "pop" ainda pode funcionar como um elogio e como uma qualidade de músicas que naturalmente se destacam, e que brilham. E quem brilha é Mika, por isso caber tão bem a ele.

Mika - The Boy Who Knew Too Much (2009)
Mika - The Boy Who Knew Too Much (2009)
01 - We Are Golden
02 - Blame It On the Girls
03 - Rain
04 - Dr. John
05 - I See You
06 - Blue Eyes
07 - Good Gone Girl
08 - Touches You
09 - By the Time
10 - One Foot Boy
11 - Toy Boy
12 - Pick Up Off the Floor
13 - Lover Boy
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Muse - The Resistance (2009)

Muse

Quando foi que a pretensão se tornou algo ruim? Ninguém certamente se lembra do dia em que se subjugar à simplicidade e à humildade exagerada se tornou a mais honorável postura. Também não se sabe quando a música mais comum e tosca passou a ser a mais sincera.

O que é sinceridade pra você? A sinceridade é tão variável e tão mal compreendida, que há quem acredite em apenas um modo de tal sentimento ser expressado. Há quem só acredite no seu modo de compartilhar tal sentimento, e que sinceridade se limita a isso. Certamente que não e, assim como qualquer outro sentimento e a própria música, ele só se torna real e faz sentido, quando compartilhado. Quando se limita sua compreensão, você limita sua própria capacidade de observação e se priva de certas experiências.

Vários foram os obstinados a trazer novos rumos para a música popular. Digo isso no âmbito da experimentação e mistura de influências que vão da mais diversificada música popular à erudita. Diversos misturaram e trouxeram novas perspectivas. Hoje em dia é cada vez mais raro encontrar artistas dispostos a se aventurar num universo tão pretencioso quanto perigoso.

É sim uma pretensão gigantesca fazer um álbum imaginando que ele possa ser o melhor de todos os tempos. Mesmo que não seja para todos, que possa ser pra alguém. Fazer um álbum não se limitando ao "alternativismo" do rock, nem mesmo se limitando ao rock e qualquer vertente dele (pop, progressivo ou dançante), acaba virando uma missão daquelas que só se daria a maior banda do mundo. E isso é tão perigoso, que ninguém quer assumir tal posto, por maiores que possam ser os benefícios disso.

Então, quando foi que o Muse se tornou a maior banda do mundo?


Obviamente, admiro muito artistas que baseiam suas composições em simplicidade e também aqueles que apostam numa produção lo-fi para expressar todo sentimento de suas canções. Há belos artistas e diversos trabalhos interessantes nesse âmbito. Mas também sei que não é só disso que a música persevera.

Grandes produções como "The Resistance", novo álbum do trio inglês Muse, já fizeram e fazem muito pela música. A pretensão se inicia no primeiro segundo e só termina junto com a última faixa (que na verdade são três, uma bela sinfonia chamada "Exogenesis"). E essa sede por um grande álbum, por criar uma obra de valor, é o que, pro vezes, mata uma banda. Mas não aconteceu isso. O Muse é experiente demais pra deixar isso acontecer. Em seu quinto álbum de estúdio, eles provam que já aprenderam muito. De quando eram filhotes do Radiohead, até quando fizeram uma grande obra conceitual (Absolution) até seu álbum mais pop, mesmo não sendo pop (Black Holes and Revelations) e com mais hits (até uma impensável e excêntrica ópera rock chamada "Knights of Cydonia"). E é essa carga toda, somada uma série de influências eruditas, e também de bandas como Queen e Rush, mas não longe de sonoridades de FM's, que o Muse constrói seu álbum mais bem resolvido e se destaca.

Os momentos mais pops são reservados para faixas como "Uprising", "Undisclosed Desires" e "Unnatural Selection", essa que também se destaca como uma das mais interessantes do álbum, ao lado de "MK Ultra", "I Belong to You (+Mon Cœur S'ouvre à ta Voix)" e a quase balada "Guiding Light". Para os momentos mais excêntricos, procure por "United States of Eurasia (+Collateral Damage)" (que deixaria Freddie Mercury orgulhoso) e a sinfonia de três partes "Exogenesis" (que faria Freddie aplaudir seus quase-compatriotas).

Se você procura um Muse disposto a invadir rádios e ouvidos dos mais diferentes ouvidos, você encontrará em "The Resistance", mas perceberá que não é de maneira convencional que eles, novamente, querem chegar lá. Abusando sim de muita pretensão e apostando em algo tão grandioso que pode assustar os menos preparados, Matt, Chris e Dominic fazem aquilo que centenas de bandas gostariam: fincam seus pés na história da música pop e lançam uma obra de valor verdadeiro. Sincero sim, na mais pomposa face que a sinceridade pode ter mas, acima de tudo, espetacular, no porte da maior banda do mundo, no porte do Muse. E nada menos do que isso poderia ser esperado.

Muse - The Resistance (2009)
Muse - The Resistance (2009)
01 - Uprising
02 - Resistance
03 - Undisclosed Desires
04 - United States of Eurasia (+Collateral Damage)
05 - Guiding Light
06 - Unnatural Selection
07 - MK Ultra
08 - I Belong to You (+Mon Cœur S'ouvre à ta Voix)
09 - Exogenesis: Symphony Part 1 (Overture)
10 - Exogenesis: Symphony Part 2 (Cross-Pollination)
11 - Exogenesis: Symphony Part 3 (Redemption)
Download link in comments / Link de downloads nos comentáriosMySpace
Separador