segunda-feira, 29 de junho de 2009

The Smith Westerns - The Smith Westerns (2009)

The Smith Westerns

Desde que o primeiro garoto ganhou sua guitarra e foi atrás de outros amigos, do colégio ou da sua rua, e incentivou a cada um deles que escolhesse um instrumento e aprendesse, mesmo que não muito bem, a tocá-lo, o rock não foi mais o mesmo. Se o rock surgiu da mistura do country com o blues, e era feito para dançar e tinha toda aquela pegada de quebrar tabus sobre sensualidade/sexualidade, bastou garotos se juntarem com suas guitarras e falar de amor, em sua maneira mais juvenil, para o rock assumir, de vez, uma outra cara. Foi assim com o surgimento dos Beatles, do Beach Boys e do Ramones.

Foi assim que acabaram as dúvidas: o rock é dos garotos apaixonados.

Por hoje, não são os jovens sinceros, empunhados de guitarras que fazem girar o universo do rock popular. O rock está nas mãos de bandas grandiosas que, por vezes, transformam o estilo em uma grande ação de canastrões, ou na mão de fabricados músicos que fazem rock com microfone em uma mão e o roteiro em outra. Falta sinceridade ou capacidade? Capacidade, sem dúvida, não falta. Mas a sinceridade não é também o artigo que mais está em falta no mercado. Não há pecados tão grandes assim, o rock não precisa de salvação, nem nada. Sabendo disso, o The Smith Westerns chega cheio de simplicidade e jovialidade. Seu debute é a maior prova de que ressuscitar o espírito garageiro e pop do rock, nunca é demais.

Influenciados claramente por Beatles, em sua fase inicial, e por Beach Boys, o quarteto de Chicago estreia com 10 belas canções pop, com temas adolescentes e nostálgicos. A execução não é do primor de tais bandas citadas, e também é juvenil, logo lembra Ramones no início de carreira, com uma preocupação maior com os arranjos, mas com uma produção (propositalmente) mais precária. A atmosfera lo-fi explorada auxilia muito na inserção dentro do universo proposto (você vai lembrar das clássicas cenas de bailinhos em filmes americanos, ou de tardes de verão).

Se a garagem foi o berço das principais bandas que já surgiram para o rock, o The Smith Westerns dispara na frente. Logicamente, eles não são uma "salvação para o rock" e nem uma banda excepcional que irá alterar o cenário atual. A riqueza da banda está exatamente em ser simples, despretensiosa e por resgatar melodias, temas e sonoridades adormecidas sempre tão dispostas a serem despertadas por jovens garotos com suas guitarras e seus amigos de bairro.

The Smith Westerns - The Smith Westerns (2009)
The Smith Westerns - The Smith Westerns (2009)
01 - Dreams
02 - Boys Are Fine
03 - Gimme Some Time
04 - Girl In Love
05 - We Stay Out
06 - Tonight
07 - Be My Girl
08 - The Glam Goddess
09 - Diamond Boys
10 - My Heart
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quinta-feira, 25 de junho de 2009

Rockz - A Tão Sonhada Bicicleta (2009)

Rockz

Quando Diogo Brandão "largou" o Rockz, não me restava dúvidas que, continuar sem ele, seria o suicídio da banda. E a banda, sempre muito boa e de músicos excelentes (cheios de experiência), não achou isso. Resolveram continuar, se modelar e se virar sem aquele que era a estrela do grupo. Gabriel Muzak assumiu a responsabilidade do vocal e também de mudar a cara da banda carioca.

Impossível a banda continuar sem o Diogo, responsável por aquela energia que guiava os shows e a sonoridade da banda? Olha, confesso que errei.


A proposta do Rockz sempre foi fazer rock com uma sonoridade nova, utilizando não só os recentes expoentes da cena (como Klaxons, Bloc Party e Arctic Monkeys), mas também influências destas influências (Ramones, Nirvana e, claro, Beatles, sempre). A proposta foi cumprida. Com a primeira Demo e com o primeiro álbum, intitulado "Disco '08", apresentavam uma sequência de hits dançantes, fortes e com letras exemplares. Diversos temas eram explorados, desde momentos mais abstratos, até descrições exatas de festas noturnas e relacionamentos. Um dos melhores álbuns do ano passado, junto ao Moptop, Wado, Violins e Camelo. Elogiadíssimo também, diga-se de passagem.

A saída repentina, pra quem acompanhava a banda, de Diogo, espantou. Seria possível continuar mesmo sem seu principal compositor e aquele que dava a cara da banda? Foi, foi possível. Com seu segundo álbum, de nome misterioso, "A Tão Sonhada Bicicleta", o Rockz une novas às canções que já rolavam em seu MySpace. A proposta agora parece ir mais longe. As canções são ainda mais dançantes, o clima ainda mais tenso e as letras ganham tons irônicos. Agora o clima é mais Queens of The Stone Age, e isso fez muito bem à banda. A voz de Gabriel não é de um cantor, mas de um vocalista de rock, e isso é ótimo.

Se o cenário atual, ou a história do rock, precisava de exemplos de bandas que deram a volta por cima e se viraram muito bem sem um dos seus principais integrantes, o Rockz traz um banquete. E apenas 9 faixas, 30 minutos, foram o suficiente. Foi o suficiente pra me provar que eu estava, realmente, equivocado.

Mate seu equívoco, ou apenas divirta-se. O Rockz continua a ser uma das bandas mais potentes, inteligentes e divertidas do rock atual. E isso não se trata de mais um equívoco.

Rockz - A Tão Sonhada Bicicleta (2009)
Rockz - A Tão Sonhada Bicicleta (2009)
01 - Paramédicos
02 - Tô Planejando
03 - Hare Hare
04 - Todo Peso do Existir
05 - Divertido e Veloz
06 - Alienígenas
07 - Bombardeio Cego
08 - As Horas Passam Crazy
09 - Toda Essa Vida
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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Nervoso e Os Calmantes - Nervoso e Os Calmantes (2009)

Nervoso e Os Calmantes

Você espera abrir o PopMata e ler uma resenha em que eu fale mal de um álbum ou artista? Eu não espero ter que fazer isso. Dentre diversos álbuns que ouço num dia, tento selecionar aquele que acho bacana, relevante e interessante escrever. Essa é a pegada. Não pretendo vir até aqui pra apontar diretamente os pontos negativos nem pra criar polêmica. A intenção é indicar a desconhecidos o que indicaria aos amigos.

Então, se você realmente espera uma crítica mais ácida, aproveite. Esse é o post mais negativo que você provavelmente encontrará por aqui, e ele fala sobre "Nervoso e Os Calmantes".


Primeiramente, é um desafio gostar do álbum. É uma sequência de canções que pretende te cativar com uma mistura de Roberto Carlos e a Jovem Guarda, somados a uma sonoridade mais "recente não tão recente assim". É uma exploração de temas normalmente chamados de "brega" e a voz, que não é muito comum, de Nervoso não auxilia muito. Conseguir quebrar a barreira de diversos preconceitos e dar uma chance ao álbum, é um desafio para muitos, principalmente para aqueles que não tiveram contato com "Saudade das Minhas Lembranças", primeiro álbum do artista. Se você já gostava do cara, as chances, de gostar deste álbum, aumentam. Ajudou, comigo.

O álbum foi descer lá pela quarta audição. E por que o álbum mereceu tantas chances? Primeiramente, porque acredito veemente na qualidade do carioca, que já passou pelo Autoramas, Acabou la Tequila e Matanza como baterista; mas que se mostrou sua melhor faceta como compositor em sua estreia solo. Em segundo lugar, as influências de Jovem Guarda sempre me agradam. Acredito que essa seja a verdadeira sonoridade de um possível rock-nacional e que foi o máximo da originalidade em criação dentro do estilo genuinamente estadunidense. E em terceiro, porque as letras eram interessantes desde a primeira audição e porque não era convencional ou clichê, era um trabalho bem-feito inegável logo de cara.

Daí a gostar do álbum, foi um caminho longo. As canções são tão incomuns e tão populares, ao mesmo tempo, que causou uma certa confusão: "É uma piada ou esse cara tá falando sério?". Sim, não dá pra saber exatamente. Mas é música, não precisamos saber como veio, mas sim como chegou. E, quando foi se aconchegando ao meu gosto, soou muito interessante. Os temas não pareciam mais sugerir coisas tão absurdas e os órgãos, os coros e aqueles momentos em que Nervoso conversa com o ouvinte como um locutor de rádio, não incomodavam mais. A originalidade tomou a frente e, logo percebi que, o que tornava incomum era o que o tornava singular, e essa era a maior qualidade.

Obviamente, se você não está disposto a gostar, não vai mesmo. E esse é o máximo da "ofensa" que consigo fazer a este disco. Pra mim, ainda vale a pena continuar falando bem daquilo que acho que merece, pois fazer esse blog é uma diversão pessoal. Simplesmente não posto sobre aquilo que não acho bom o suficiente, não tenho a intensão de polemizar nada. Há diversos outros resenhistas por aí dispostos a falar mal de algo, e respeito e admiro diversos, mas a minha praia é outra. Mais uma vez, se você não está disposto a gostar, não vai mesmo. Agora, se está a fim, já sabe onde me encontrar e vou estar ouvindo Nervoso:

"Mas se você prefere andar com outro qualquer, saiba que eu também fico tranquilo".

Nervoso e Os Calmantes - Nervoso e Os Calmantes (2009)
Nervoso e Os Calmantes - Nervoso e Os Calmantes (2009)
01 - Antes
02 - Universo Vocacional
03 - Eu que não estou mais aqui
04 - Peça de tabuleiro
05 - Candidato a amigo
06 - Kit-homem
07 - O grande herói
08 - Um sonho de transatlântico
09 - Canção do vento
10 - A minha saudade
11 - Teimosia
12 - Uma simples questão
13 - Minha tranquilidade
14 - Bloco neguinho
15 - Despertar
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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Regina Spektor - Far (2009)

Regina Spektor

Há naqueles filmes clichês da sessão da tarde uma garota "esquisita" e totalmente fora dos padrões do colégio que resolve fazer uma revolução na sua vida, trocando suas roupas, seus amigos e jogando fora todas aquelas coisas que dariam vergonha caso mostradas na frente todos. Daí tem aqueles momentos em que ela experimenta várias roupas e desfila em uma loja na frente do espelho do provador. Há também o momento da maquiagem e quando ela resolve mudar até o modo de andar (haja tropeção). Ela vai fazendo cada uma das coisas necessárias para mudar toda sua forma de ser e, isso tudo, passa em uma cena compacta com os melhores momentos que servem pra arrancar sorrisos teus.

Essa fase de transação foi para Regina Spektor o álbum "Begin to Hope", álbum de 2006, e o seu novo álbum, "Far", seria o momento de glória, onde ela percebe que ser realizada vai além de ser somente popular e similar aos outros. É aquele momento em que ela consegue ser ela mesma e ser compreendida e adorada por todos.

E é aí que as lágrimas rolam e os sorrisos aparecem (ao mesmo tempo).


"Far" é o conjunto de canções de uma artista que se esforçou para se encaixar num universo pop e que soube adaptar suas carecterísticas para o mesmo. Se o lançamento de 2006 de Regina Spektor era a coleção mais pop da cantora, também foi o momento em que ela mais dispôs a se desfigurar. Sem dúvida é um grande álbum também, a "desfiguração" não foi negativa e gerou ótimos resultados, desde convite para música tema de filme da Disney a inserção em trilha sonora de novela das 8; mas a essência mais excêntrica da russa-estadunidense não se fazia tão presente.

Em seu novo trabalho, Regina Spektor se encontra novamente com certas tendências aplicadas em seus primeiros álbuns, mas foi talentosa para lapidá-los o suficiente para se tornarem totalmente agradáveis e palatáveis. A produção do álbum também não deixa por menos, e não poupa esforços para fazer um grande álbum pop. Essa, sem dúvida, é a cartada final para a artista se inserir no universo mainstream mas, ao mesmo tempo, não abandonar ao mundinho indie. Há baladas, canções pegajosas e momentos realmente grandiosos.

Não faltava um álbum para Regina Spektor se afirmar para a crítica mas, se faltava para o público, "Far" é o disco. Ele pode funcionar mais do que canção de novela, mais do que música tema para filmes infanto-juvenis e pode te divertir muito mais do que um filme de sessão da tarde e ser inteligente, ao mesmo tempo. Pode ser trilha-sonora para ótimos dias e soar como um final feliz, mesmo que o fim ainda não tenha chegado. Felizmente.

Regina Spektor - Far (2009)
Regina Spektor - Far (2009)
01 - The Calculation
02 - Eet
03 - Blue Lips
04 - Folding Chair
05 - Machine
06 - Laughing With
07 - Human of the Year
08 - Two Birds
09 - Dance Anthem Of The 80's
10 - Genius Next Door
11 - The Wallet
12 - One More Time With Feeling
13 - Man Of a Thousand Faces
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terça-feira, 16 de junho de 2009

Cachorro Grande - Cinema (2009)

Cachorro Grande

Se você não gosta de resgates ao rock, então provavelmente não se interessa por Cachorro Grande.

Se não se interessa por bandas que arriscam em todas as vertentes já exploradas do rock, desde as mais dançantes, às baladas, aos momentos mais psicodélicos, não se preocupando em ser exatamente "original", você não deve gostar do Cachorro Grande.

Se não é compreensivo com letras em português, com temas diferenciados, que nem sempre exploram "amores" e, ainda por cima, que não são cantadas por alguém que pode ser considerado um exímio cantor, você não deve gostar mesmo de Cachorro Grande.

Agora, se está interessado pela música em sua essência, não se preocupando exatamente em que forma ou linguagem ela está sendo feita, mas se preocupando em que ela seja somente bem-feita, este é "Cinema", o quinto disco dos gaúchos do Cachorro Grande. E este é o melhor álbum deles.


Marcelo Gross prova, mais uma vez, que é o melhor compositor da banda. Mas Azambuja, Beto Bruno, Pedro Pelotas e Krieger não ficam pra trás. No todo, o álbum é bem homogêneo. Isso no quesito qualidade das composições, há uma música que se destaca mais que a outra, mas no geral são todas realmente excelentes. As melhores já produzidas pelo quinteto gaúcho. Agora, quando o quesito é o estilo das composições, não há unidade.

Há unidade sim, por se tratar apenas de rock (ou rock'n'roll, como os próprios prefeririam), mas as vertentes trabalhadas são diversas. Brincam no hard-rock. Tiram sarro numa onda mais dançante. Chegam a lembrar o novo trabalho do Oasis e o antigo Stone Roses, com momentos mais psicodélicos. Fazem baladas lindas e fortes, assim como foi com "Sinceramente". Criam riffs potentes e canções pra dançar, pular, gritar e apenas balançar a cabeça. Em 12 faixas, produzidas, novamente, por Rafael Ramos, o Cachorro Grande decide revisitar tudo que já foi produzido em rock nas últimas décadas (inclusive na que estamos). E, como dito no primeiro parágrafo, isso pode ser o que te afastará do álbum e da banda. Uma pena, pra você.

Acho infeliz o preconceito com o rock brasileiro que não possui verdadeiras influências nacionais. Realmente, o Cachorro Grande não parece possuir nenhuma influência direta de artistas e música brasileira (há quem fale de Mutantes, eu não vejo muito). Mas há uma certa resistência aos artistas brasileiros que não produzem músicas com identidade do país, e o Cachorro Grande não é a única banda a passar por isso. Bastou fazer canções sem referências ao samba, ou à bossa, com letras em português, que nego torce o nariz. Ou dizem parecer forçado, ou dizem ser cópia de alguma banda estrangeira. No início da carreira, o Cachorro Grande temia ser comparado ao Strokes (diziam isso em seu próprio site), mas realmente não havia motivos para temer tal comparação. Mas o tempo passou e o que não faltou foram comparações ao Cachorro Grande, felizmente, as comparações eram a reais influências da banda e a artistas admirados pelos mesmos. Mas quando dizem quem o som dos gaúchos é forçado, a barra é que é forçada. O Cachorro Grande produz rock, pois é isso que parecem viver. Todo o álbum, de cabo a rabo, é sincero. Agora, se você não gosta da banda por outros motivos, e não se trata de preconceito, esse sermão não é pra você.

Não há sermão pra quem consegue se encher de motivos para não gostar do Cachorro Grande mas, enquanto eu conseguir me encher de razões (e de orgulho) para admirar o trabalho feito por eles e achar que há algo excepcional o suficiente para vir até aqui e fazer um longo post como esse, o farei.

Se você gosta de música, pode gostar e desgostar de diversas coisas. Mas se procura boa música, pode encontrar em "Cinema", o novo álbum do Cachorro Grande.

Cachorro Grande - Cinema (2009)
Cachorro Grande - Cinema (2009)
01 - O Tempo Parou/Sabor a Mi
02 - Dance agora
03 - Amanhã
04 - Por Onde Vou
05 - A Alegria Voltou
06 - A Hora do Brasil
07 - Diga o que Você Quer Escutar
08 - Ela disse
09 - Ninguém mais Lembra de Você
10 - Luz
11 - Eileen
12 - Pessoas Vazias
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segunda-feira, 15 de junho de 2009

The Most Serene Republic - ...And the Ever Expanding Universe (2009)

The Most Serene Republic

Uma confusão sonora adorável. Essa foi a impressão ao ouvir "Underwater Cinematographer", debute do The Most Serene Republic em 2005. Foi assim que apresentei a outras pessoas. Aquelas faixas cheias de elementos sintetizados, pianos, guitarras, baixo e bateria tudo em perfeita harmonia, ou não. Não era bem a harmonia que faziam todas aquelas sonoridades formar canções tão adoráveis, era a intensidade de cada canção que dava a força para o conjunto canadense.

Quatro anos e um segundo álbum se passaram e o The Most Serene Republic volta com "...And the Ever Expanding Universe", terceiro álbum pelo selo Arts & Crafts. A intensidade ainda persiste e a juventude se faz novamente presente, após um mais maduro trabalho com "Population", segundo álbum sem tanta expressão.

Se era preciso uma prova maior do que sua estreia, para comprovar que o The Most Serene Republic é uma grande banda, está aqui todas as razões para se ouvir.


A comparação com o Broken Social Scene era inevitável. Primeiro pela sonoridade realmente se assemelhar a dos compatriotas, segundo por serem lançados pelo selo dos próprios, que até então só lançava trabalhos da banda e dos integrantes isoladamente. O The Most Serene Republic foi a primeira banda fora da "família" Broken Social Scene a lançar um álbum pela Arts & Craft, porém isso trouxe um fardo para eles carregarem (fardo não tão incomodo, cá entre nós). A mistura de BSS com Flaming Lips e uma vaga lembrança de Death Cab for Cutie, não foram poucos que definiram a banda com termos como estes, e não estavam totalmente enganados.

A mistura de influências e de elementos, a disposição para correr riscos e a força para criar canções potentes foi o que apresentou o The Most Serene Republic e é o que os traz de volta ao terceiro disco. O segundo disco, logicamente, não foi um álbum ruim. Para uma banda como esta é difícil "errar a mão", porém a maturidade buscada nas canções da banda tirou uma característica forte e importante na banda: a juventude. Apesar dos flertes com jazz, as canções pareciam organizadas demais e melódicas também.

Quando organização e melodia funcionam como características negativas, é sinal que alguma coisa está errada. Mas não está não. É brincando com erros, confundindo sons, entrelaçando vozes, camadas, batidas e andamentos que "...And the Ever Expanding Universe" traz o The Most Serene Republic de volta a boa forma. E se boa forma significa uma mescla de confusão e belas canções, os canadenses não poupam esforços e fazem uma verdadeira explosão sonora cheia de momentos agradáveis.

The Most Serene Republic - ...And the Ever Expanding Universe (2009)
The Most Serene Republic - ...And the Ever Expanding Universe (2009)
01 - Bubble Reputation
02 - Heavens To Purgatory
03 - Vessels Of A Donor Look
04 - Phi
05 - The Old Forever New Things
06 - All Of One Is The Other
07 - Patternicity
08 - Four Humours
09 - Catharsis Boo
10 - Don't Hold Back, Feel A Little Longer
11 - No One Likes A Nihilist
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quarta-feira, 10 de junho de 2009

The Delano Orchestra - Will Anyone Else Leave Me? (2009)

The Delano Orchestra

O Delano Orchestra não é o exemplo de melodias extraordinárias ou de arranjos impressionantes. Não é sinônimo de canções grandiosas ou de uma banda com músicos e vocalista fora do comum. Não é por isso que eles estão aqui.

A "orquestra" francesa é sinônimo de intimismo, de canções de tristeza sem fim. São os arranjos simples e lindos, e a voz embargada que fazem sua essência. Pouco repetitivo, assim como lágrimas que não param de cair. Melancólico ao extremo, de modo que, de repente, se naturaliza e converte a tristeza em beleza. Mágico, ao ponto de transformar canções em pequenos mantras ou hinos. A sonoridade parece caminhar, ou mesmo marchar, em uma direção tão sombria quanto iluminada. Como se caminhasse direto ao teu coração.


The Delano Orchestra é uma banda francesa que acaba de lançar seu segundo álbum, intitulado "Will Anyone Else Leave Me?" sucessor do "A Little Boy, A Little Girl And The All The Snails They Have Drawn", do ano passado. A mudança da banda, entre os álbuns, não foi muito grande. A evolução é altamente perceptível na produção onde, apesar da voz de A. Delano se manter abafada, os arranjos são mais elaborados e perceptíveis, valorizando muito as canções e os climas criados. Aliás, o que sustenta as canções são sempre os climas criados. Por vezes, é possível lembrar de Sparklehorse ou Bright Eyes (quem sabe até o Broken Social Scene), porém, isso tudo é segundo plano para os belos momentos e as belas ambientações criadas ao longo do álbum.

O que você pode esperar ao ouvir: muita melancolia e uma beleza única, através de violinos, violoncelos, trompetes e mais. As canções são arrastadas, mas possuem a dinâmica exata para emocionar. E é essa riqueza de detalhes nas composições, de melodia aos arranjos, que valoriza algo que não é exatamente novo ou tecnicamente exemplar. A questão aqui é trabalhar os sentimentos, e nisso a banda não erra.

Ao longo de 12 faixas diversos sentimentos são explorados. Tudo de maneira tão simples e tão pessoal que é impossível não se sentir tocado. Não é exatamente canções para quem está na fossa e precisa de uma trilha sonora (mas pode ser que funcione para essas pessoas também). É algo mais profundo, que parece buscar lá dentro de você um sentimento adormecido. Músicas que parecem prontas para preencher um quarto vazio e escuro. Momentos que aproximam os passos que já se ouviam ao longe. Que podem te aquecer nesses momentos frios, como um abraço de consolo ou como o calor de um amor que modifica seus dias. Delano Orchestra pode ser a companhia para um fim-de-semana que você passaria sozinho, ou apenas mais um motivo para sorrir. Mas, de qualquer modo, vai funcionar. Vá por mim.

The Delano Orchestra - Will Anyone Else Leave Me? (2009)
The Delano Orchestra - Will Anyone Else Leave Me? (2009)
01 - Something Is Gone
02 - The Escape
03 - Until I Die
04 - How To Care
05 - Endless Night
06 - On The Shore
07 - Interlude
08 - Everything Is Gone
09 - Sunday 2AM
10 - And Now, She's Gone
11 - As Anyone Will Do
12 - Will Anyone Else Leave Me?
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terça-feira, 9 de junho de 2009

Dinosaur Jr. - Farm (2009)

Dinosaur Jr.

Certo dia, o Dinosaur Jr. soube que era a maior influência para uma leva de artistas e para uma geração. Para movimentos musicais, também. O curioso é que eles não precisaram "inventar" nada tão novo para isso e eram até taxados de preguiçosos. Preguiça que nem foi o motivo dos 10 anos que ficaram parados.

Como você lidaria com tudo isso? Muitas bandas se perderam após se tornarem mitos. Outras se destruiram ao realizarem uma "reunião". Os 10 anos entre "Hand It Over" (de 97) e "Beyond" de (2007) fizeram muito bem aos tiozinhos de Massachusetts. Voltaram com a formação original, que não era vista desde 88, e lançaram um dos discos mais bacanas e, com certeza, mais noventista daquele ano. E, mais uma vez, não precisaram inventar nada de "novo". Apenas fizeram aquilo que era necessário.

Agora, eles voltam dois anos depois e lançam "Farm", nono álbum de capa e conteúdo ótimo. Novamente, nada muito além de Dinosaur Jr.e sua essência. Mas precisa mais? Me diz você.


É impressionante como tudo é questão de proposta. Não há sucesso ou fracasso quando não se há proposta. E, quando há uma proposta tão bem definida, como a do Dinosaur Jr., fica difícil errar. Por mais que essa proposta não vise inovação ou mudanças pesadas, fica claro que a banda não necessita disto. Isso é acomodar? Talvez. E qual o problema nisto? Não há problemas quando bandas como Pixies e Nirvana declararam-se influenciadas por você.

Mas é claro que não se trata de uma repetição sem fim. As composições do trio se caracterizam por riffs jovens e letras interessantes que possuem uma certa unidade, mas que não são repetições. E aí é que mora o talento do Dinosaur Jr.. Além de criar uma personalidade para o som dos anos 90, eles conseguiram se manter com qualidade nas composições e ainda soarem renovados. Parece pouco? Pode ser pouco quando você não se preocupa em fazer canções tão bacanas e potentes como as que se pode encontrar em "Farm". Os pontos altos ficam para a pop "Plans", o épico "I Don't Wanna Go There" e "Over It", primeiro single responsável por um dos clipes mais simples e carismáticos do ano.

Um vídeo onde três "senhores" de 40 e poucos anos andam de bicicleta e skate como meninos, pode parecer nada demais. Mas, com um pouco mais de atenção, assim como nas músicas da banda, é possível ver algo mais profundo em algo tão despretensioso. Saltanto corrimões, escadas e hidrantes, eles se divertem, mas alguns tombos fazem lembrar que já passaram da idade. Se irritam e se cansam. Porém, quando os três se encontram novamente, os sorrisos voltam e eles podem voltar a ser jovens, voltar a se divertir e sabem que devem estar juntos. Alguma semelhança com a realidade? Esqueça isso. Ouça Dinosaur Jr. e vá se divertir.

Dinosaur Jr. - Farm (2009)
Dinosaur Jr. - Farm (2009)
01 - Pieces
02 - I Want You To Know
03 - Ocean In The Way
04 - Plans
05 - Your Weather
06 - Over It
07 - Friends
08 - Said The People
09 - There's No Here
10 - See You
11 - I Don't Wanna Go There
12 - Imagination Blind
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sexta-feira, 5 de junho de 2009

The Mars Volta - Octahedron (2009)

The Mars Volta

Quando o cabeludo Omar Rodríguez-López falou que o Mars Volta viria com um álbum "acústico" (bem entre aspas mesmo) e mais pop, ele falava exatamente sobre "Octahedron", o quinto álbum da banda. Ele não mentia pra criar expectativas. Ok, o álbum nem é acústico tão pouco é pop. Mas esse é com certeza o mais próximo que os texanos já chegaram de um som de fácil compreensão, e o mais próximo que podem chegar, levando em conta a inquietude e identidade dos rapazes. Isso pode ser muito mal para alguns, principalmente para aqueles que acostumaram com um Mars Volta de veia mais visceral, mas pode ser ótimo, para aqueles que esperavam uma mudança radical no som da banda. Mas, acima de tudo, faz bem para a música (de modo geral e a de Cedric e Omar).

Porque era a hora do Mars Volta experimentar em novas áreas (ou pelo menos de uma nova maneira)? Simplesmente porque não dava para repetir a fórmula mais uma vez. Dificilmente, eles fariam um álbum ruim. Mesmo "The Bedlam in Goliath", seu último álbum que utilizava da mesma fórmula, não era ruim. Repetitivo, mas não ruim. Ruim para os padrões Mars Volta, talvez. Definitivamente não era ruim. Ponto final. Mas não era diferente, não se exaltava e não se destacava. Era apenas "mais um álbum do Mars Volta". E enquanto tanta gente se preocupava em taxá-los negativamente, ou colocá-los num grupo de "ou você ama ou você odeia", eles fizeram diferente. Fizeram música.

Ainda na linha progressiva/experimental/psicodélica e, por vezes, post-hardcore, o Mars Volta apresenta seu novo álbum, de nome estranho e capa bizarra, com 8 faixas e 50 minutos de duração. O que se pode ouvir e sentir é uma banda madura e, porque não dizer, mais calma. Mas não quieta, a inquietude ainda se faz presente. O que faz desse trabalho diferente é a aposta definitiva nas melodias, sempre belas (as mais bonitas já produzidas pela banda) e bem elaboradas. Os arranjos complexos, os instrumentistas excepcionais e a voz impecável de Cedric ainda estão lá, mas a forma como estes elementos foram trabalhados são novos para a banda.

Se você espera o mesmo Mars Volta de sempre, pode se decepcionar pela falta de "barulho". Agora, se você está preparado para uma banda que re-explorou sua essência e que não exitou em arriscar, respire fundo e prepare-se para imergir numa nova experiência. Durante longos minutos, como numa só música, você estará em contato direto com uma das melhores e mais capacitadas bandas que surgiu nos últimos anos, em um dos seus melhores e mais bem aproveitados momentos.

The Mars Volta - Octahedron (2009)
The Mars Volta - Octahedron (2009)
01 - Since We've Been Wrong
02 - Teflon
03 - Halo Of Nembutals
04 - With Twilight As My Guide
05 - Cotopaxi
06 - Desperate Graves
07 - Copernicus
08 - Luciforms
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quinta-feira, 4 de junho de 2009

The Rumble Strips - Welcome To The Walk Alone (2009)

The Rumble Strips

Só é possível classificar uma obra como atemporal quando ela atravessa décadas e não soa envelhecida? A resposta seria sim, mas o Rumble Strips responde que não. Apostando numa obra pop que não parece pertencer a uma certa época, unindo influências que atravessam anos, dos 40 aos 00, o agora quinteto inglês lança seu exuberante segundo álbum. Álbum que poderia ser a trilha sonora para diversos filmes, mas que também poderia colocar hits nas rádios, em qualquer época.

Desafiando o tempo e a música pop atual, "Welcome To The Walk Alone" surge como uma surpresa das grandes e mostra uma banda que dá um passo imenso para pular na frente de tantas outras.


Quando O Rumble Strips lançou "Girls and Weather", em 2007, as críticas foram ótimas. Também pudera, o disco era redondo da primeira à última faixa, cheio de hits em potencial e canções divertidas. Uma mistura de "indie-rock" com elementos Ska. Essa era a base. E disso é que se esperava o segundo trabalho da banda. Porém, tivemos uma grande surpresa.

Apesar da bela estreia que permitia uma continuação, digamos assim, o Rumble Strips resolveu fazer diferente em seu segundo álbum. E também acertou em cheio. Com produção de Mark Ronson, que há algum tempo vem sendo sinônimo de qualidade, e orquestração de Owen Pallet, o "Final Fantasy" e responsável pela orquestração dos dois álbuns do Arcade Fire, a qualidade é inegável. Canções pop, algumas radiofônicas, outras não, com arranjos muito bem trabalhados, melodias diferenciadas e voz excepcional de Charlie Waller, que se destaca como uma das vozes masculinas mais bonitas da nova geração.

A sonoridade é atual, mas o interessante é que, ao mesmo tempo, ela remete a um certo resgate de tendências. E, diante de tudo isso, soa como algo novo, ainda não feito. O Rumble Strips lança seu novo álbum em julho desse ano (que vazou antes na internet, evidentemente), mas poderia lançá-lo em qualquer época e ainda soaria natural e refrescante. Complexo é entender o tempo, e não uma obra tão completa quanto esta. Um álbum como esse só nos ajuda a perceber que medir o tempo é besteira quando se tem algo tão saboroso para preenchê-lo. Logo, nos ajuda a compreendê-lo um pouco também.

The Rumble Strips - Welcome To The Walk Alone (2009)
The Rumble Strips - Welcome To The Walk Alone (2009)
01 - Welcome To The Walk Alone
02 - London
03 - Not The Only Person
04 - Daniel
05 - Douglas
06 - Back Bone
07 - Sweet Heart Hooligan
08 - Running On Empty
09 - Dem Girls
10 - Raindrops
11 - Happy Hell
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terça-feira, 2 de junho de 2009

Lestics - Hoje (2009)

Lestics

O ano de 2007 foi realmente interessante para o rock nacional. Álbuns bem legais foram lançados, dentre eles a estreia do Vanguart, do Pública, do Ecos Falsos e do The Feitos. Teve também aquelas bandas que passavam pelo suposto teste do segundo disco, o Superguidis, lançando seu melhor álbum (e um dos melhores do rock recente), e o Ludov, mostrando maturidade e lindas canções. O Violins lançava um álbum que mudaria a concepção de bons letristas e que daria um tapa na cara de muita gente. Havia ainda o Cachorro Grande e o Autorama, como as bandas "grandes", tendo que mostrar e dar trabalho.

Porém, houve uma banda (ou duo, na época) que não lançou um ótimo álbum no ano. Lançou dois. E dois com força o suficiente para serem considerados os álbuns nacionais do ano, isoladamente. Teve quem achou isso, teve quem nem ouviu. E se você não ouviu, eles voltaram dois anos depois, agora como quinteto, para te chamar a atenção. Então, se liga. Lestics te mostra "Hoje" para que você saiba o que perdeu ontem (e para que não perca amanhã).


Engraçado ver como uma banda tão bacana e interessante não chegou aos ouvidos de todos. É claro que a quantidade de banda que pipoca cada vez mais (principalmente pela internet) nos dificulta a seleção e audição de todas. Porém, é uma contradição, já que esse acaba sendo o único meio de encontrar novas e boas novidades musicais. Então, devemos ficar atentos.

E foi ficando atento que tive contato com o som do Lestics, hoje quinteto paulistano, mas que já foi uma dupla. Dupla que era formada pelo, vocalista e compositor, Olavo Rocha e seu parceiro, o multi-instrumentista, Umberto Serpieri. Em 2008, a entrada de Marcelo, Felipe e Lirinha, completou o quinteto. É altamente perceptível a mudança no som do Lestics a partir de sua nova formação.

Sempre apostando em canções que misturam rock, folk e pop, com muita competência, o Lestics lança seu terceiro álbum, o terceiro com 9 faixas. Porém, algumas mudanças claras surgem nos arranjos (agora mais elaborados) e postura (a banda parece um pouco mais "séria"). Não que algum dia ela tenha sido explicitamente engraçada, mas a construção das letras, sempre de maneira muito inteligente, permitiam ironias e formatos mais descontraídos (como ainda é possível ouvir na faixa "Mania de organização"). Porém, agora Olavo parece, na maior parte, apostar numa outra proposta, e acerta mais uma vez. Temas diferenciados e cotidianos, com poesia rica é o que constrói as ótimas composições.

Apesar de qualquer mudança, o "antigo" Lestics ainda está aqui. Os vocais continuam agradáveis, a produção continua corretíssima, as melodias fáceis que se misturam com pequenas viagens e os arranjos com violões que remetem tanto à música norte-americana quanto à brasileira persistem. Com isso, eles formam uma unidade e uma identidade. Permitindo serem reconhecidos e adorados a uma primeira audição. E, caso seja essa sua primeira audição, não se sinta mal por não ter conhecido antes. O ano de 2007, com tanta coisa, talvez tenha te deixado perdido. O Lestics pode te ajudar com isso, pode te ajudar a se encontrar, em qualquer que seja seu caso.

Lestics - Hoje (2009)
Lestics - Hoje (2009)
01 - Plano de fuga
02 - Mania de organização
03 - Um bem, um mal
04 - Velho
05 - À espera de um fantasma
06 - Sem título Nº quatro
07 - Idéias originais
08 - Orgulho
09 - Leve
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Se quiser outra opção para baixar esse álbum, ou baixar os dois primeiros, vá ao site dos caras: lestics.com.br.
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