sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Damion Suomi - Damion Suomi (2009)

Damion Suomi

"Eu tenho que cantar. Tenho que gritar. Este mundo é duro. Cara, você vai entender se deixar algo que ama ir embora."

É mais ou menos isso que diz Damion, um americano declaradamente apaixonado pela força da cultura Irlandesa. E talvez diga isso um pouco embriagado, já que ele mesmo diz que todas suas canções nasceram de Pubs, bebidas e relacionamentos.

Embriaguez essa que, talvez, seja a atmosfera de todo o álbum. Não só a de álcool (não só, mas está ali com bastante força), mas também de sentimentos. Há um misto de desespero e passos trôpegos, de esperança e uma dose de whisky. É como chamar o garçom e dar um abraço nele, ou beber das próprias lágrimas no sofá de casa. Como juntar os amigos e fazer um coro gritado naquela música que insiste em tocar no bar, com ou sem felicidade... isso não importa.


A abrangência da voz de Damion é ponto alto. Vai do pop radiofônico à mais irregular construção. Pra ele, funciona muito bem. A despretensão não é sinônimo de amadorismo, pelo contrário, o arranjo parece ter sido meticulosamente preparado para que tudo isso soasse assim, feito pra gritar junto. E você nem vai precisar estar bêbado para ver Darwin, Jesus, o demônio e Damion, todos juntos.

Damion Suomi - Damion Suomi (2009)
Damion Suomi - Damion Suomi (2009)
01 - Archer Woman
02 - Darwin, Jesus, The Devil, And Me
03 - What A Wonderful Game
04 - San Francisco
05 - Sunday Morning
06 - Ghost
07 - One More Time
08 - Oh Won't You Please
09 - Save Your Ass
10 - Waltz
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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Wonkavision

Wonkavision

Difícil é não babar sobre aquilo que você indicaria para qualquer pessoa, sobre aquilo que leva pedaços teus se quiser.

Lembro quando ouvi Wonkavision pela primeira vez, era 2003. Precisava exatamente daquilo, daquela urgência do PowerPop com letras inteligentíssimas. Tinha 16 pra 17 anos, do que mais eu precisaria?

Foi assim que pensei na época. Aquilo parecia suprir todas as necessidades. Poderia encostar o restante e ficar somente com aquilo ali. Logicamente, a fome não me permitia. Mas a mesma não conseguia me impedir de ouvir duas ou três vezes o primeiro álbum, quando lançado em 2004, todos os dias.


O tempo passou, passei da casa dos 20. Talvez aquilo deixasse de fazer sentido pra mim. Mas amadurecimento não significou, para mim, ficar chato para a música e, felizmente, nem para a banda.

Ouço hoje as novas canções, singles lançados aos meses que ainda não têm um álbum como casa, e vejo um Wonkavision ainda mais esperto. Mais músicas urgentes e inteligentes, mais daquelas que você ouve e pensa "queria eu ter feito essa música!". O Will fez. O Wonkavision fez. São argumentos pop tão perfeitos, que fica praticamente impossível ir pro sentido inverso. Tudo parece tão a vontade, independente do tema ou do idioma. Tá tudo ali. Tudo que você vai precisar nesse momento.

Você pode dançar, sorrir, invejar e/ou admirar. Eu já estou nessa faz tempo.
Então obrigado, Wonkavision. (Babei demais? Acontece...)

Ouça as novas músicas ou veja mais aqui.
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Holger - The Green Valley (EP 2008) / Favours For Sailors - Furious Sons (2009)

Holger / Favours For Sailors

Acredito que, quando Stephen e Scott montaram o Pavement, não tinham noção das cabeças que invadiriam.

Uma certa parcela de jovens, não se contentavam com Nirvana (ou apenas com eles). O Pavement surgia com uma voz mais verdadeira, menos apocalíptica, mais na realidade do que se vivia, dentro dos verdadeiros conflitos que se encontravam os pós-adolescentes. Ou ao menos, eu acho isso. Tenho 22 anos, não estava "vivo" o suficiente para ter vivido aquilo ali. Aliás, nem os rapazes do Holger e do Favours For Sailors tiveram contato direto com isso mas, assim como aconteceu comigo, não impediu de se sentirem abençoados pelo Pavement (e viva a Internet!).

Há toda uma ingenuidade que envolve as canções dessas duas novas bandas. Soa como ter que ir pra casa trocar de camiseta porque, a que usava, sujou de katchup. Ou como ligar pra alguns amigos e os chamar pra ir beber uma cerveja em algum bar suburbano. Ou como pegar um ônibus num dia de chuva, e ficar naquele ar esquisito, aquele com cheiro de cachorro molhado. Ou como rir durante horas de um vídeo engraçado de um urso(ou seria cachorro?) português que você viu no Youtube.

São músicas que não discriminam ninguém. Não parecem ser feitas especialmente pra você que tem tempo livre pra ficar batendo fotos em poses conceituais, ou pra você que rala o dia inteiro num trabalho que ainda não é aquele dos seus sonhos.

Pode ser pra quem tá em São Paulo:

Ou pra quem tá lá em Londres:

Ou em qualquer outro lugar. Já que a gente já tem a Internet e já tem o Pavement.

Holger - The Green Valley (EP 2008)
Holger - The Green Valley (EP 2008)
01 - Nelson
02 - The Auction
03 - Happily Ever After
04 - War
05 - Brand New T-Shirt
06 - Surfing
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Favours For Sailors - Furious Sons (2009)
Favours For Sailors - Furious Sons (2009)
01 - Erode My Empire
02 - No Room At The Buffet
03 - The Nihilist Prays
04 - I Dreamt That You Loved Me In Your Dreams
05 - Shy Times
06 - Our Name
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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

BLK JKS - Mystery (EP 2009)

BLK JKS

Daí nego vem dizer que, atualmente, não existe nada de novo. Que nada é criado há muito tempo. Que tudo é cópia da re-cópia. Ah, faça-me o favor!

Levando em conta que não há como recriar o som (sério?), há única maneira de inovar: experimentação. É lógico, nem toda banda nova tem isso como objetivo, mas há quem esteja muito ligado nisso e está realmente preocupado em mudar todo lance.

Falar bem do TV On The Radio, é chover no molhado. Não há quem esteja mais no topo, no momento, quando o assunto é experimentação decente em mistura de influências. Toda uma enxurrada de Eletrônico, Funk, Soul, Free-Jazz, Rock lá no topo do experimentalismo, Trip-Hop... música, de um modo geral. Então, vamos falar do BLK JKS.

A banda sul-africana (se lê "Black Jacks") foi formada em Joanesburgo no ano de 2000, por quatro amigos de infância, mas só em 2007 lançou seu primeiro single, o Lakeside.

Agora, em 2009, lançou seu primeiro EP, intitulado Mistery, pelo selo independente Secretly Canadian (responsável por lançamentos do Animal Collective, Antony and The Johnsons, Bodies of Water, etc.) e produzido por Brandon Curtis, líder do The Secret Machines. E o Brandon não foi nada bobo.


Não há nada que soe mais novo do que o BLK JKS. Talvez seja realmente o resgate de tudo, assim como faz o TV On The Radio (aliás, se parecem bandas irmãs... no sentido positivo) que faça a mistura toda ser tão inédita. São todos os elementos do TVOTR, mais a pegada de Dub e todo groove Africano, com aquelas guitarras que encantaram o Clash.

Não é cópia e não é recriar o som. Mas é algo que soa tão fresco quanto inspirador. Mais alguns meses, um produtor para dar uma boa lapidada e ninguém mais vai aguentar ouvir falar desses caras, mas também não irá se cansar de ouvir os próprios.

BLK JKS - Mystery (EP 2009)
BLK JKS - Mystery (EP 2009)
01 - Mystery
02 - Lakeside
03 - It's In Every Thing You'll See
04 - Summertime
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Jeremy Messersmith

Jeremy Messersmith

Jeremy Messersmith se parece com aquele seu amigo sincero. Aquele que olha pra você e diz: "Cara, eu tô mal". E, na maior parte do tempo, ele realmente está, e anda muito solitário.


Mas a tristeza traz, consigo, palavras realmente belas pois, tudo que é dito, vem direto da dor. É arrancado lá do fundo do coração, já que, neste momento, sempre somos impedidos de sermos racionais o suficiente para calcular uma maneira de encontrarmos motivos para sorrir.

E é essa falta de cálculo que move a música de Jeremy Messersmith. Tudo ali soa tão sincero e tão simples, que a única obrigação que parece existir é a de transpor os sentimentos, de não guardar segredos pra você. É o arranjo simples, a melodia correta e a voz suave.

Você pode compará-lo ao Brian Wilson, ou dizer que é Elliot Smith de Minneapolis, ou fazer qualquer outra comparação. Mas você não fará isso, pois ele é o seu amigo sincero. Aquele que não quer ser comparado a ninguém, apenas quer ser ouvido.

Jeremy Messersmith - The Alcatraz Kid (2006)
Jeremy Messersmith - The Alcatraz Kid (2006)
01 - The Alcatraz Kid
02 - Novocain
03 - Easy Lovers, Hardly Friends
04 - Snow Day
05 - Day Job
06 - Scientists
07 - Super Frog Saves Tokyo
08 - Great Times
09 - Beautiful Children
10 - 7:02
11 - Old Skin
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Jeremy Messersmith - The Silver City  (2008)
Jeremy Messersmith - The Silver City (2008)
01 - The Silver City
02 - Welcome to Suburbia
03 - Dead End Job
04 - Franklin Avenue
05 - The Commuter
06 - Miracles
07 - Love You to Pieces
08 - Breaking Down
09 - Skyway
10 - Virginia
11 - Light Rail
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

The Old Romantic Killer Band - The Swan With Two Necks (2008)

The Old Romantic Killer Band

Esse, talvez, seja o melhor álbum que quase ninguém ouviu no ano passado. Injustamente, diga-se de passagem.

O The Old Romantic Killer Band não soa novo, mas nem tão velho. Tem algo de Punk ali, mas aquele que lembra mais Stooges do que Ramones. Tem algo de anos 90 ali, por soar mais como Jeff Buckley do que com qualquer outra coisa noventista ou com Grunge (mas há quem veja isso também, inclusive eles mesmos). Tem algo de Folk britânico e de Blues americano ali, mas isso eu só sinto e sinto por não saber explicar.


A dupla Greg e Harry ("Bateria e Más vibrações + Guitarra, voz e bigode" como os próprios se apresentam), são de Leeds e lançaram esse "cisne com dois pescoços" de uma maneira estranhamente silenciosa. Juro não entender o porquê do lançamento não fazer nem 10% do barulho que se ouve durante as nove faixas do disco. Poucas resenhas e críticas... pouca atenção.

A inquietude presente nos 22 minutos do álbum é adorável. Uma pena ter chegado a pouquíssimos ouvidos ou, pelo menos, muito menos do que deveria ter chegado. Com a quantidade de hypes que surgem e desaparecem, eles talvez ainda tenham uma segunda chance. Talvez num segundo álbum. Ou talvez nunca.

Mas fica registrado aqui: você deve ouví-los e deve entender que eu tenho lá os meus motivos para defendê-los ferrenhamente. E me ajude a compreender que, talvez, nem se tenha, realmente, tantos motivos para se falar, mas sobra motivos para se ouvir.

The Old Romantic Killer Band - The Swan With Two Necks (2008
The Old Romantic Killer Band - The Swan With Two Necks (2008)
01 - Girl You Have All The Fun
02 - Pigs
03 - Trouble Causer
04 - Your Girlfriend is a Drug Addict
05 - Lovers Pass
06 - Things to Come
07 - The Resolve
08 - You Knew I Had a Darkness in Me
09 - Four Seasons Blues
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Das Pop - Das Pop (2009)

Das Pop

Vamos falar de um universo Pop justo. Nem digo um universo ideal, apenas justo. Neste universo, o Das Pop, com certeza, seria a banda no topo da cadeia alimentar.

Pois, havia um tempo (ou eu acho que havia), em que a música Pop era aquela mais interessante... deliciosamente interessante. Aquela que com simplicidade e esperteza, arrancava palmas e palpitações de cada ouvinte. Não precisava ser algo tão elaborado, ou planejado e cheio de pretensões. Mas tinha que ser algo redondo, sem falhas e que soasse como uma tarde ensolarada, ou uma festa sensacional, ou que preenchesse sua alma com felicidade, não por ser exatamente uma música feliz, mas por ela existir de maneira tão cativante.


E o Das Pop fez essas canções, e elas estão no álbum homônimo que será lançado em 20 de abril (mas já roda na internet desde 9 de janeiro). Produzido por seus compatriotas, os irmãos Dewaele, cabeças do projeto Soulwax (que já tive o prazer de ver ao vivo), o disco não falha.

Hit atrás de hit. Assim os belgas entregam um dos melhores álbuns do ano (até agora). O terceiro deles, mas o primeiro a gerar as tais palminhas e palpitações que Pop deveria exigir.

Das Pop - Das Pop (2009)
Das Pop - Das Pop (2009)
01 - Underground
02 - You Don't Wanna Know
03 - Wings
04 - Saturday Night Part 1
05 - Never Get Enough
06 - The Last Thing
07 - Fool For Love
08 - Try Again
09 - Let Me In
10 - Saturday Night Part 2
11 - Girl Be A Man
12 - September
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Update:
A "pedidos", retirei o link para download do álbum. Mas, você sabe muito bem, que ele pode, por acaso, pintar nos comentários. ;)
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Fanfarlo - Reservoir (2009)

Fanfarlo

Imagine que exista um reservatório repleto de emoções contidas por anos e que, aos poucos, vai liberando cada sensação ruim que guardava ali e cada sentimento bom que queria entregar. Mas que, de repente, como uma explosão, tudo aquilo está livre, todas aquelas emoções estão no ar e você parece pertencer a todo aquele lugar (às vezes escuro, às vezes maravilhosamente iluminado).


Em um pouco mais de 42 minutos, o sueco Simon Balthazar, à frente de sua incrível banda inglesa Fanfarlo, conseguiu deixar tudo isso muito real em seu álbum de estréia, o "Reservoir".

É claro. Fica quase impossível não relacionar o Fanfarlo ao Arcade Fire, ou não sentir que o Beirut plantou uma sementinha ali. Mas talvez a produção de Peter Katis (responsável pelo perfeito "Boxer" do The National e pelo melhor álbum do Interpol na minha opinião, o "Antics") tenha feito toda a diferença.

O álbum tem o dom de despertar diferentes sensações e consegue, a cada faixa, te inserir no contexto... te colocar no lugar onde tudo aquilo acontece. E você fica sem saber, exatamente, que lugar é este. Mas tem certeza de que é este o exato lugar onde devia estar no momento.

Fanfarlo - Reservoir (2009)
Fanfarlo - Reservoir (2009)
01 - I’m A Pilot
02 - Ghosts
03 - Luna
04 - Comets
05 - Fire Escape
06 - The Walls Are Coming Down
07 - Drowning Men
08 - If It Is Growing
09 - Harold T. Wilkins or How To Wait For a Very Long Time
10 - Finish Line
11 - Good Morning Midnight
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Mando Diao - Give Me Fire (2009)

Mando Diao

O que aconteceu com o Mando Diao?
A banda sueca, que agora parece outra (ou nem tanto), lançou no dia 13 de fevereiro seu quinto álbum, intitulado de Give Me Fire (produzido por Salla Salazar).

Apresentando um lado bem mais sombrio, dançante e sexy, nem de longe lembra a banda de cara britânica que lançou o maravilhoso (e repleto canções com potencial para hits) Hurricane Bar, de 2004. Apesar disso tudo, parece que toda essa mudança soou melhor. O primeiro single "Dance With Somebody" já alçou o segundo lugar nas paradas Alemãs, e entrou no Top20 sueco.

Gritando "I'm falling in love with your favourite song. I'm gonna sing it all night long. I'm gonna dance with somebody", cortando uma introdução de 1 minuto e ganhando um clipe com ares de Joy Division somado a gatinhas suecas dançando, a música não tem motivo pra não virar.


Depois de dois álbuns regulares, mais madura e esperta, a banda conseguiu lançar o seu melhor álbum até agora, comparado apenas ao de 2004 (que ganha muitos pontos por sua simplicidade e sinceridade). Se você procura diversão e novas músicas para ter em looping no seu player, esse álbum tem várias delas.

(Destaque para "Gloria" e toda sua aura brega (no bom sentido). Maravilhosa!)

Mando Diao - Give Me Fire (2009)
Mando Diao - Give Me Fire (2009)
01 - Blue Lining White Trenchcoat
02 - Dance With Somebody
03 - Gloria
04 - High Heels
05 - Mean Street
06 - Maybe Just Sad
07 - A Decent Life
08 - Give Me Fire
09 - Crystal
10 - Come On Come On
11 - Go Out Tonight
12 - You Got Nothing On Me
13 - The Shining
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