
Desde que o primeiro garoto ganhou sua guitarra e foi atrás de outros amigos, do colégio ou da sua rua, e incentivou a cada um deles que escolhesse um instrumento e aprendesse, mesmo que não muito bem, a tocá-lo, o rock não foi mais o mesmo. Se o rock surgiu da mistura do country com o blues, e era feito para dançar e tinha toda aquela pegada de quebrar tabus sobre sensualidade/sexualidade, bastou garotos se juntarem com suas guitarras e falar de amor, em sua maneira mais juvenil, para o rock assumir, de vez, uma outra cara. Foi assim com o surgimento dos Beatles, do Beach Boys e do Ramones.
Foi assim que acabaram as dúvidas: o rock é dos garotos apaixonados.
Por hoje, não são os jovens sinceros, empunhados de guitarras que fazem girar o universo do rock popular. O rock está nas mãos de bandas grandiosas que, por vezes, transformam o estilo em uma grande ação de canastrões, ou na mão de fabricados músicos que fazem rock com microfone em uma mão e o roteiro em outra. Falta sinceridade ou capacidade? Capacidade, sem dúvida, não falta. Mas a sinceridade não é também o artigo que mais está em falta no mercado. Não há pecados tão grandes assim, o rock não precisa de salvação, nem nada. Sabendo disso, o The Smith Westerns chega cheio de simplicidade e jovialidade. Seu debute é a maior prova de que ressuscitar o espírito garageiro e pop do rock, nunca é demais.
Influenciados claramente por Beatles, em sua fase inicial, e por Beach Boys, o quarteto de Chicago estreia com 10 belas canções pop, com temas adolescentes e nostálgicos. A execução não é do primor de tais bandas citadas, e também é juvenil, logo lembra Ramones no início de carreira, com uma preocupação maior com os arranjos, mas com uma produção (propositalmente) mais precária. A atmosfera lo-fi explorada auxilia muito na inserção dentro do universo proposto (você vai lembrar das clássicas cenas de bailinhos em filmes americanos, ou de tardes de verão).
Se a garagem foi o berço das principais bandas que já surgiram para o rock, o The Smith Westerns dispara na frente. Logicamente, eles não são uma "salvação para o rock" e nem uma banda excepcional que irá alterar o cenário atual. A riqueza da banda está exatamente em ser simples, despretensiosa e por resgatar melodias, temas e sonoridades adormecidas sempre tão dispostas a serem despertadas por jovens garotos com suas guitarras e seus amigos de bairro.

The Smith Westerns - The Smith Westerns (2009)
01 - Dreams
02 - Boys Are Fine
03 - Gimme Some Time
04 - Girl In Love
05 - We Stay Out
06 - Tonight
07 - Be My Girl
08 - The Glam Goddess
09 - Diamond Boys
10 - My Heart

